31/01/2016

O Concílio Vaticano II como evento dialógico

Confira a cobertura completa do evento "II Colóquio Internacional IHU – O Concílio Vaticano II: 50 anos depois. A Igreja no contexto das transformações tecnocientíficas e socioculturais da contemporaneidade" no canal do YouTube do IHU.
Leia também a edição 425 da Revista IHU On-Line sobre este tema:http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?secao=425

O Concílio Vaticano II como evento dialógico. Um olhar a partir de Mikhail Bakhtin e seu Círculo

Os 50 anos do início do Concílio Vaticano II inspirou e continua propiciando muitas pesquisas, seminários, simpósios, cursos, artigos e livros. No entanto, o Seminário Internacional “O Concílio Vaticano II como evento dialógico”, promovido pelo Grupo de Estudos dos Gêneros do Discurso – GEGe, do PPG em Linguística da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, nos dias 3 e 4 de julho, em São Carlos, SP, chama a atenção e suscitou o tema de capa da revista IHU On-Line desta semana.

Contribuem com a presente edição Ângelo Cardita, Carlos Faraco, Maria Cecília Domezi, Daniel Stosiek, Paulo Dalla-Déa, Pedro Lima Vasconcellos, Sueli Maria Ramos da Silva e Valdemir Miotello.


Igreja latino-americana: De Nevares e os direitos humanos

101 anos do nascimento do bispo argentino Jaime de Nevares, que predicou em favor dos trabalhadores e lutou incansavelmente pelos direitos humanos, durante toda a sua vida e seu labor sacerdotal.



Iglesia latinoamericana: De Nevares y los derechos humanos - Canal Encuentro HD

Canal Encuentro 

https://www.youtube.com/watch?v=RU7h-MSbo_k&feature=youtu.be



João Batista Libanio: fidelidade, dádiva e liberdade

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João Batista Libanio: fidelidade, dádiva e liberdade

Fonte: http://jblibanio.org.br/
No dia 30 de Janeiro de 2014, em Curitiba/PR, a teologia brasileira e latino-americana silenciava-se por um instante. Não é um silêncio catastrófico, pois pleno de esperança possibilita percorre novos caminhos, deixando-se fluir com novos ecos desde o legado humano e intelectual compartilhado por João Batista Libanio. As dimensões constitutivas como dádiva, fidelidade e liberdade são experiências que compõem o itinerário desse mestre, que sempre soube dialogar com questões eminentes, interagindo fé e contemporaneidade. A erudição intelectual não perdeu-se nos "Castelos de Marfins" edificados por muitos(as) teológos(as) e especialistas do sagrado, que tornam seus gabinetes/teorias lugares/espaços intocaveis e impenetraveis. Ao contrário, João Batista Libanio, cria pontes e caminhos alternativos para uma reflexão critica, tendo como referências fundamentais o Evangelho e a Realidade.
"Muitos são os requisitos da maestria e dentre eles são imprencindíveiso dominio do saber e a clareza do dizer. 
S
ão duas virtudes que o Pe. Libanio possuia em abundância"
Carlos Roberto DrawinRevista IHU On-line 394

Ele nasceu em Belo Horizonte, em 1932. Foi padre jesuíta, escritor e teólogo brasileiro. Ensinava na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (ISI – FAJE) em Belo Horizonte, e foi vigário da paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em Vespasiano, na Grande Belo Horizonte. Fez seus estudos de Filosofia na Faculdade de Filosofia de Nova Friburgo-RJ e cursou em Letras Neolatinas, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Seus estudos de teologia sistemática foram efetuados na Hochschule Sankt Georgen, em FrankfurtAlemanha, onde estudou com os maiores nomes da teologia europeia. Seu mestrado e doutorado (1968) em teologia foram obtidos naPontifícia Universidade Gregoriana (PUG) de Roma.

“A experiência do Vaticano II, 
seu debate teológico e eclesial, sua postura de diálogo e atenção ao mundo contemporâneo, sua opção ecumênica, permeiam toda a teologia do Libanio”.
José Oscar BeozzoRevista IHU On-Line 394
Foi Diretor de Estudos do Pontifício Colégio Pio Brasileiro em Roma durante os anos do Concílio Vaticano II, o que facilitou seu contato com os bispos e assessores de todo o Brasil. Retornou ao Brasil em 1968, onde por mais de trinta anos dedica-se ao magistério e pesquisa teológica, na linha da teologia da libertação. Foi professor de teologia na Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São LeopoldoRio Grande do Sul, e do Instituto Teológico da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Posteriormente foi professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Em 1982, Libânio retornou a Belo Horizonte.
Fonte:http://jblibanio.org.br/

"Acolhi a vida como dom. Não pedi para viver.
Sem dar-nos conta, tecemos a vida com os fios de cada pessoa 
com que encontramos, da que rezou por nós, 
de quem nos influenciou até mesmo através dos séculos pelos escritos, 
pelo enriquecimento da tradição que nos envolve”.
João Batista LibanioRevista IHU On-line 394
Foi autor de cerca de 125 livros, dos quais 36 de autoria própria e os demais em colaboração com outros autores, alguns editados em outras línguas. Além disso, possui mais de 40 artigos publicados em periódicos especializados, e inúmeros artigos em jornais e revistas. Foi assessor da Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB e do Instituto Nacional de Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, além de assessorar encontros das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs.
  • Teologia da Revelação a partir da Modernidade. 6. ed. São Paulo: Loyola, 2012.
  • Para onde vai a juventude? 2. ed. São Paulo: Paulus, 2012.
  • A religião no início do milênio. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2011.
  • Crer num mundo de muitas crenças e pouca libertação. 2. ed. São Paulo – Valencia: Paulinas – Siquem, 2010.
  • Ecologia – vida ou morte? 1. ed. São Paulo: Paulus, 2010.
  • A escola da liberdade. Subsídios para meditar. 1. ed. São Paulo: Loyola, 2010.
  • Cenários da Igreja – Num mundo plural e fragmentado. 2. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2009.
  • Caminhos de existência. 1. ed. São Paulo: Paulus, 2009.
  • Juventude – seu tempo é agora. 1. ed. São Paulo: Ave Maria, 2008.
  • Como saborear a celebração eucarística. 4. ed. São Paulo: Paulus, 2008.
  • Creio em Deus Pai. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2008.
  • Creio no Espírito Santo. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2008.
  • Creio em Jesus Cristo. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2008.
  • Em busca de lucidez. O fiel da balança. 1. ed. São Paulo: Loyola, 2008.
  • Qual o futuro do Cristianismo. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2008.
  • Os carismas na Igreja do Terceiro Milênio. 1. ed. São Paulo: Loyola, 2007.
  • Conferências Gerais do Episcopado Latino-Americano do Rio de Janeiro a Aparecida. 1. ed. São Paulo: Paulus, 2007.
  • Introdução à vida intelectual. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2006.
  • Eu creio – Nós cremos. Tratado da fé. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2005.
  • Qual o caminho entre o crer e o amar? 2. ed. São Paulo: Paulus, 2005.
  • Concílio Vaticano II. 1. ed. São Paulo: Loyola, 2005.
  • Concílio Vaticano II: Em busca de uma primeira compreensão. São Paulo: Loyola, 2005.
  • . 1. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
  • A arte de formar-se. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2004.
  • Ideologia e cidadania. 14. ed. São Paulo: Moderna, 2004.
  • As Lógicas da Cidadeo impacto sobre a fé e sob o impacto da fé. São Paulo: Loyola, 2001.
  • Ser Cristão em Tempos de Nova Era. São Paulo: Paulus, 1996.
  • A Vida Religiosa na Crise da Modernidade Brasileira. Rio de Janeiro/São Paulo: CRB/Loyola, 1995.
  • Obediência na Liberdade. São Paulo: Paulinas, 1995.
Na página pessoal na internet - www.jblibanio.com.br é possivel ter acesso a textos, artigos, homilias, videos, etc.

Fonte: IHU
A revista IHU On-Line, nº 394, sob o título "J. B. Libânio. A trajetória de um teólogo brasileiro. Testemunhos", celebrou os seus 80 anos de vida. Para acessar a revista, clique aqui. Na revista podem ser lidos, além do depoimento do próprio teólogo sob o título "Acolhi a vida como um dom", os testemunhos de alguns(as) que na existência e no labor científico cruzaram pelas veredas e tiveram Libanio como companhia agradável e interpeladora. Dentre eles(a):

Leonardo Boff, Um ponto de equilibrio dentro da Teologia da Libertação
José Oscar Beozzo, O Vaticano II é o elemento estruturante da teologia de João Batista Libanio
Faustino Teixeira, Um testemunho de abertura, respeito e liberdade
Carlos Roberto Drawin, Um mestre
Maria Teresa Bustamante Teixeira, A junção da erudição, da simplicidade e da acolhida.
Pedro Rubens, Uma teologia simpática
Luís Carlos Susin, Um discípulo da realidade
Geraldo De Mori, Um pensamento teológico com a marca da atualidade
Edward Neves Monteiro de Barros Guimarães, Ao mestre do "Caminho" e amigo do coração
A última entrevista que o teólogo concedeu ao Instituto Humanitas Unisinos - IHU foi publicada no dia 08-08-2013, sob o título Uma Igreja mais pastoral e menos administrativa.

Fonte: IHU
 No Cadernos Teologia Pública, número 16, reflete sobre a Contextualização do Concílio Vaticano II e seu desenvolvimento.
Concílio Vaticano II encerrou a longa etapa da Contra-Reforma e da neocristandade, modificando profundamente o clima da Igreja. A sus contextualização implica vários passos:

1. Alguns traços da Igreja da Contra-Reforma;
2. Realidades socioculturais que provocaram a crise desse modelo;
3. A crise dentro da Igreja, provocada pela entrada da modernidade;
4. Fatores imediatos que decidiram sobre a convocação e a orientação do Concílio nos seus inícios;
5. Evento conciliar
Para acessar clique aqui
No Cadernos Teologia Pública, número 37, reflete sobre Nas pegadas de medellín: as opções de Puebla.
As realidades históricas passadas paradoxalmente perdem-se no olvido sob muitos aspectos e persistem nas conseqüências reais, na configuração simbólica e nos dados acessíveis às pesquisas historiográficas. AConferência de Puebla sumiu-se no horizonte da Igreja com a imensa parafernália de poder e controle, armada pela secretaria do Celam em articulação com dicastérios romanos. Isso pertence definitivamente ao passado. Na Conferência de Puebla, houve muitas lutas, vitórias e derrotas de diferentes grupos antagânicos respectivamente, alegrias e tristezas, gozos e sofrimentos. As pessoas levaram isso consigo e vários protagonistas daquele evento já se foram à casa do Pai, carregando segredos e confidências: o Papa que o convocou, o Presidente do Celam (Cardeal Aloísio Lorscheider), seu secretário geral  (Cardeal López Trujillo) e inúmeros outros personagens decisivos no seu desenrolar, como Dom Luciano Mendes de Almeida. Ficaram-nos sobretudo a simbólica e o texto, que caem sob nosso crivo analítico. Há ainda testemunhas vivas que podem trazer novos depoimentos que ressuscitem aquele evento em pormenores desconhecidos. Mas, pouco a pouco, elas se apagam pelo correr dos anos. Estamos a quase 30 anos de distância. As opções de Puebla entendem-se, naturalmente, no contexto social, politico, econômico e cultural.
Para acessar clique aqui
Por Jéferson Ferreira Rodrigues

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/551254-joao-batista-libanio-fidelidade-dadiva-e-liberdade#.VqvycSZNWuk.facebook

30/01/2016

Que horas ela volta? (filme e análise)

Que horas ela volta?

Filme: 

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Que horas ela volta? E o futuro, quando chega?

setembro 14, 2015

A grande novidade mesmo de “Que horas ela volta?” é Jéssica. Ela é o presente. Ela é a realidade de milhões de brasileiras e brasileiros que hoje querem uma vida melhor, mais digna e mais cidadã

Por Wagner Iglecias*

Fui assistir neste final de semana ao filme “Que horas ela volta?”, de Anna Muylaert, indicado pelo Brasil para concorrer ao Oscar de melhor filme em língua estrangeira em 2016. Não sei se por ignorância cinéfila ou falta de sensibilidade, mas a obra, tão comentada nos últimos dias, não me surpreendeu. Relata o cotidiano óbvio das relações entre uma família de classe média alta e seus empregados domésticos. Tem o mérito de focar a narrativa na empregada Val (personagem de Regina Casé), dando-lhe o protagonismo de, a partir de seu olhar, desnudar aquilo que todo mundo sabe muito bem: o quão naturalizada é a relação de opressão entre patrões e empregados domésticos e o quão naturalizada é a invisibilidade destes trabalhadores na nossa sociedade.
Os patrões (um casal aparentemente mal-resolvido, que apenas se tolera, e seu filho pós-adolescente) passam o filme todo sem sequer levantar a bunda da cadeira para retirar o prato da mesa após as refeições. Tudo cabe a Val, que o faz com comiseração, profundo senso de responsabilidade e quase agradecimento, tamanho o grau de internalização que tem acerca de seu papel subalterno naquela relação. A ela não cabe ter dores, aspirações ou aflições. Ou se as têm, jamais cabe a ela externa-las. A ela cabe servir. E só.
O problema todo começa quando Jéssica (personagem de Camila Márdila), sua filha, resolve vir do interior de Pernambuco para São Paulo para prestar o vestibular. E logo o da Fuvest. À primeira reação de espanto dos donos da casa (com direito a pai e filho aproximarem-se dela quase que como dois machos a querer observar de perto uma fêmea de outra espécie) sucede-se o choque de visões de mundo entre mãe e filha, entre Val e Jéssica.
Val simboliza a moça nordestina que se picou pro Sul Maravilha nos anos 1970 e 1980 atrás de um emprego qualquer para escapar da fome, da seca e da cerca do latifúndio. Jéssica não. Já retrata as novas gerações de nordestinos, nascidos a partir da década de 1990 e que tiveram acesso a melhores condições de vida nos últimos dez, doze anos. Almeja ser arquiteta e simplesmente não compreende a lógica que leva a mãe a subordinar-se tanto a patrões que lhe pagam um salário risível que jamais lhe permitiu ter a sua própria casa após décadas de trabalho duro.
Sobre o núcleo de personagens que simboliza os patrões, nada de novo: um artista plástico mediano e acomodado, herdeiro da fortuna de um avô; uma executiva de nariz empinado, ciosa de sua imagem pública junto aos pares; e um pós-adolescente comum, que parece ter mais sentimento pela empregada do que pela própria mãe, que fracassa no vestibular e cuja ação mais arrojada na vida até então é o ato transgressor e revolucionário de… estar começando a fumar maconha.
A grande novidade mesmo de “Que horas ela volta?” é Jéssica. Afinal, o perfil um tanto esquemático, mas verdadeiro, de uma família de classe média alta em suas crises existenciais burguesas e o perfil de uma empregada doméstica resignada com o destino é o que sempre tivemos neste país, há décadas. Isso é o passado. Um passado que teima em continuar existindo. Jéssica, não. Ela é o presente. Ela é a realidade de milhões de brasileiras e brasileiros que hoje querem uma vida melhor, mais digna e mais cidadã. O que “Que horas ela volta?” não consegue anunciar, como de resto não estamos conseguindo nenhum de nós, é o futuro. O país que virá por aí nos próximos dez, quinze, vinte anos, após todas as mudanças sociais promovidas na última década e toda a forte reação a elas que se observa neste momento.
* Wagner Iglecias é doutor em Sociologia e professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP
Foto de capa: Divulgação

29/01/2016

PARA FAZERMOS OUTRO MUNDO POSSÍVEL TEMOS QUE SER UTÓPICOS


Para Boaventura temos educar os educadores tirando-os da zona de conforto e transformar a vida em uma própria escola. "Educar é criar consciência que o mundo é nosso", afirma. Só uma outra educação será libertadora. "Se nós queremos fazer acontecer o mundo, transformá-lo, nos temos que ser utópicos. Temos que ter utopias com raizes, utopias realistas. Asas com raizes" continua. A escola precisa juntar os saberes, o popular e o acadêmico.

Imagens e edição Gilmar Campos

Notícia e vídeo:
https://www.facebook.com/ciranda.net/videos/747972238669201/?fref=nf

JESUS, "o homem embriagado com a Palavra"


JESUS, "o homem embriagado com a Palavra"


Adroaldo Palaoro


"Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca" (Lc 4,22)

"Nós somos palavra". Somos feitos para a comunhão, para unir as nossas vidas. É graças à força das palavras que derrotamos o silêncio angustiante da solidão, derretemos o gelo da indiferença, criamos pontes, abrimos horizontes e chegamos a lugares jamais imaginados ou tocados pelos nossos pés. Quando não existe a troca de palavras, ditas e ouvidas, a vida é mutilada nas suas expressões mais vitais, as espirituais. Talvez porque sejam a mais genuína invenção humana.

A palavra tem os atributos divinos. Os próprios textos sagrados nos dizem que "Deus é Palavra" e, em Jesus, ela se faz carne. Chegada a plenitude dos tempos, Deus disse sua Palavra definitiva e insuperável em Jesus. Ele, em sua vida e missão, prolonga a Palavra criativa de Deus; começa a falar uma Palavra sedutora a partir da margem geográfica, cultural, religiosa e econômica. Palavra encarnada, Jesus sintoniza e ajusta sua palavra à palavra do Pai.

Com sua vida e sua palavra, Jesus interrompe o discurso dos especialistas sobre Deus. A surpresa, o desapontamento e o conflito que Jesus provocou, ensaiam cada dia novas palavras e novos gestos. Seu ensinamento, cheio de "autoridade" introduz uma perspectiva nunca ouvida antes; apresenta uma alternativa que as pessoas mais simples do povo entendem como revelação do Pai aos pequeninos.

No encontro com a realidade dos pobres e excluídos, Jesus extrai palavras significativas, previamente cinzeladas e incorporadas no seu interior, onde elas revelam dinamismo, sentido e alteridade; sua palavra brota de uma vida interior fecunda e conduz a uma vida comprometida. A partir das periferias do mundo surge um canto de vida nova, a sabedoria oculta a muitos sábios e expertos. É uma sabedoria que vem de Deus, desconcertando a sabedoria exibida a partir do centro.

Suas palavras revelam uma força "re-criadora", que é o sentido belo do viver; através delas Jesus põe em movimento a realidade, reconstrói pessoas feridas em sua dignidade, comunica saúde onde há enfermidade, faz emergir a vida onde impera a morte.

As palavras têm um peso no anúncio e na atividade missionária de Jesus; não são neutras. Como um raio x que transpassa, as palavras proferidas por Ele iluminam os recantos mais profundos do ser humano; como um refletor em noite escura, ela reacende a esperança onde tudo já perdeu o sentido; como a chuva em terra seca, ela desperta novidades na vida, sacode as consciências adormecidas, põe em questão as atitudes de indiferença e de fechamento...

É extraordinário perceber como as palavras ditas com cuidado e amor (pedagogia de Jesus) produzem efeitos benéficos para o ser humano. Suas palavras são bem-aventuradas, pois são capazes de fazer crescer, sustentar, edificar as pessoas para o convívio social, humano-afetivo, espiritual. São palavras que trazem luz e calor, infundem confiança e segurança. Suas palavras jamais deixam as coisas como estão. Elas não se limitam a transmitir uma mensagem; elas tem uma força operativa, desencadeiam um movimento...

É preciso, a partir do encontro com Jesus Cristo, "sentir" a palavra que proferimos a cada instante; verificar se a palavra pronunciada procura traduzir a palavra interior, se sabemos "empalavrar", ou seja "pôr em palavras" nossa realidade interior e exterior. Desde o nascimento até à morte, continuamente estamos "empalavrando" nossos sentimentos, sonhos, aspirações... A palavra abarca todas as expressividades humanas. Ela não se reduz à oralidade: a gestualidade, a linguagem corporal, a presença solidária e compassiva... tudo isso também forma parte da palavra humana. Os comportamentos éticos e os valores também são formas de "empalavramento".

As palavras são, ao mesmo tempo, pensamento, ação, sentimento... Não possuímos nada que tenha, ao mesmo tempo, o poder e a leveza das palavras. Em todos os lugares aonde vamos somos cercados por elas; palavras murmuradas com suavidade, proclamadas em altas vozes ou berradas irritadamente; palavras faladas, recitadas ou cantadas; palavras em sites, em livros, em muros ou no céu; palavras de muitos sons, muitas cores ou muitas formas; palavras para serem ouvidas, lidas, vistas ou olhadas de relance; palavras que oscilam, que se movem devagar, dançam, pulam ou se agitam. As palavras podem mudar a vida, para o bem ou para o mal. Há palavras que ferem e há palavras que curam. Há uma palavra que constrói e uma que destrói, uma palavra que comunica calor e luz, outra que semeia frieza, uma que infunde confiança, outra que arrasa...

As palavras nos tocam e nos modelam; às vezes, elas nos tocam como brisa suave, outras vezes como punhais, mas sempre nos deixando marcas profundas de estímulos ou de desânimo: sentimentos de alegria ou tristeza, de paz ou inquietação, de fé ou descrença, de amor ou ódio...

Há uma palavra pela qual tudo começa e recomeça, outra pela qual tudo termina, deixando o silêncio atrás de si. Depois de certas palavras, não resta mais nada a dizer.

Todos conhecemos pessoas destruídas pelas palavras, como também pessoas reconstruídas, recriadas pelo toque das palavras. A palavra tem uma força reconstrutora.

As palavras perdem força e criatividade quando não nascem do silêncio. O mundo está repleto de "papos" vazios, confissões fáceis, palavras ocas, cumprimentos sem sentido, louvores desbotados e confidências tediosas, palavras enfeitadas e vazias, sem alma, nem paixão. Vivemos cercados de "palavras vãs". Às vezes temos a sensação de que as palavras nos saturam: nas aulas, na televisão, nos jornais, nas liturgias, na Internet, nas redes sociais... há demasiado palavrório. Carecemos de poesia.

Sem dúvida, em nossa sociedade pós-moderna, a palavra cada vez tem menos relevância, cada vez é menos significativa. Elas são atrofiadas, manipuladas ou submetidas a um violento esvaziamento de significados, segundo nossa conveniência. Vivemos hoje uma "crise gramatical", ou seja, temos cada vez menos palavras. O leque de palavras carregadas de sentido é muito limitado. Daí a dificuldade de encontrar palavras para nomear a experiência de Deus, para expressar as grandes questões da vida, para dar sentido a uma busca existencial.

Vivemos tempos de "fratura da palavra" e, portanto, "fratura de sentido". E a raiz disso tudo está na carência de uma interioridade, lugar da gestão das palavras de sabedoria que inspiram nossa vida.

Quem sabe articular silêncio e palavra é um verdadeiro artífice da vida.

Texto bíblico: Lc. 4,21-30

Na oração: Percorrer as palavras proferidas, normalmente, ao longo do dia: são palavras que elevam? curam? animam? Palavras marcadas pela esperança? Palavras carregadas de sentido? Palavras criativas?

Cave palavras nas minas do seu silêncio, e deixe que o Espírito diga a "palavra" misteriosa, diferente, reveladora de sua verdadeira identidade. Somente o silêncio poderá gerar "palavras de vida".

- Busque palavras nas profundezas de seu interior, palavras carregadas de sentido e de ânimo.

- Crie silêncio para poder dialogar com seu eu profundo, para ver o que há atrás de suas palavras, de seus

sentimentos, de suas intenções... Silêncio para tentar ir ao coração de sua verdade.

Pe. Adroaldo Palaoro sj


28/01/2016

Os holocaustos que a opinião pública não comemora

Não somente o nazismo provocou holocaustos ou genocídios na história. América Latina e povos que não contam com o respaldo notório da opinião pública mundial, também padeceram matanças em massa, que não são destacadas nem recordadas.




Os holocaustos que a opinião pública não comemora


Memórias do holocausto indígena na América Latina
http://www.telesurtv.net/news/Memorias-del-holocausto-indigena-en-America-Latina-20160122-0074.html


Holocausto progressivo de Israel a Palestina
http://www.telesurtv.net/news/Holocausto-progresivo-de-Israel-a-Palestina-20160122-0065.html


Holocaustos que para o mundo não o são
http://www.telesurtv.net/news/Holocaustos-que-para-el-mundo-no-lo-son--20160125-0045.html


http://www.telesurtv.net/telesuragenda/Victimas-de-holocaustos-20160127-0038.html


Documentário retrata a vida de sacerdote colombiano ligado à Teologia da Libertação

O documentário "Meu pueblo” pretende ser uma contribuição à memória, pois conhecer a história é uma condição necessária para entender o contexto atual. O entendimento da diferença e a memória histórica são dívidas que este documentário pretende mitigar.


Documentário retrata a vida de sacerdote colombiano ligado à Teologia da Libertação


Adital

A vida de Bernardo Marín integra temáticas transversais na história da Colômbia e América Latina. Desde meados dos anos 1980, Marín, sacerdote diocesano seguidor da Teologia da Libertação se comprometeu com a justiça e manteve uma luta social revolucionária no Nordeste colombiano, denunciando os grupos paramilitares que, com a complacência de instituições do Estado, iniciavam sua expansão no Magdalena Medio, em Santander.


Lastimosamente, a repressão do Estado o obrigou a exilar-se no Brasil, lugar onde materializou seus ideais e, apesar da sua morte, a memória dos brasileiros reconhece seu trabalho internacionalista pelos necessitados do continente latino-americano.

O documental "Meu pueblo” pretende ser uma contribuição à memória, pois conhecer a história é uma condição necessária para entender o contexto atual. O entendimentoda diferença e a memória histórica são dívidas que este documentário pretende mitigar.

Ficha Técnica
Título original: Meu Pueblo.
Título em espanhol: Mi Pueblo.
Direção: Angie Osorio/ Yeimy Daza
 Produção/Pesquisa: Camila Luna
 Dir. de Fotografia: Angie Osorio
 Som direto: Camila Luna
 Montagem: Angie Osorio/ Yeimy Daza 
Edição: Angie Osorio 
Música Original: Cindy Rincón A
 Desenho Gráfico: Javier Acevedo.

http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=87855

Balanço do Fórum Social Temático de Porto Alegre

O Fórum Social Temático fez um balanço dos 15 anos do processo FSM e reforçou a advertência sobre as ameaças de retrocessos civilizatórios que o mundo enfrenta hoje.

https://www.youtube.com/watch?v=9U4hLBCcTAk

Publicado em 27 de jan de 2016

Após 5 dias de debate e palestras, veja a percepção desta edição do secretário de Direitos Humanos do Brasil, do presidente da CUT, do movimento Stop the Wall e do Coletivo Intervozes.
Captação e montagem: Guilherme Santos

http://www.sul21.com.br/jornal/confira-o-balanco-do-forum-social-tematico-de-porto-alegre/


26/01/2016

Tipo um mini Fórum Social Muncial


Síntese do Programa:

~ Transformações socioeconômicas e ético-culturais

~ Projetos de nação

~ Prática transformadora

~ Mídia, educação e cidadania

~ Bioética. Cuidado com a vida. Biopoder. Saúde pública. Ética planetária.

~ Sociedade sem exclusão

~ Sociedade sustentável

~ Mundo do trabalho

~ Economia solidária

~ Democracia e participação

~ Questões de gênero e minorias

~ Espiritualidade libertadora

 

Programa completo em https://goo.gl/GOn8Cp

Inscrições: Curso completo (mais em conta): até 14/03/2016. Etapas isoladas: até a semana de cada uma, dependendo da disponibilidade de vagas.

Horário: Sábado manhã e tarde + domingo manhã

Investimento: Curso completo: R$ 60 por etapa. Etapas isoladas: R$ 80 por etapa


Mais informações: https://goo.gl/rc1ugg.

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(54) 3211-5032