27/04/2016

‘Estamos vivendo espetacularização fascista e mídia e Judiciário estão apodrecidos’, diz Tiburi

A intolerância política tem provocado uma série de agressões contra pessoas que defendem o estado democrático de direito no país. O ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi hostilizado num hospital. O ex-secretário de Direitos Humanos de São Paulo, Eduardo Suplicy, foi ofendido numa livraria. A senadora petista Gleisi Hoffmann, foi vaiada num aeroporto. O secretário de saúde da prefeitura de São Paulo, Alexandre Padilha, foi agredido verbalmente num restaurante. Na última sexta-feira (22/04), o ator José de Abreu, filiado ao PT, também foi alvo de agressões num restaurante e reagiu com uma cusparada. A mesma reação que o deputado Jean Wyllys, do PSOL do Rio de Janeiro, teve após ouvir insultos do deputado Jair Bolsonaro, do PSC carioca, que homenageou o torturador Carlos Alberto Ustra, durante votação do processo de impeachment na Câmara Federal. E no último domingo (24/04) o jornalista Pio Redondo perdeu três dentes após ser agredido por pessoas acampadas em frente ao prédio da Fiesp que defendem o impeachment de Dilma Rousseff. A intolerância constatada nesse período de crise política no país é analisada pela filósofa Marcia Tiburi, autora do livro "Como conversar com um fascista". A repórter Marilu Cabañas conversa com a filósofa que fala direto da Suécia onde lança essa publicação.

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FASCISMO

'Instituições ensinam as pessoas a odiar', diz Marcia Tiburi

Filósofa diz que intolerância política é fomentada pelos meios de comunicação hegemônicos e pelo Judiciário: "Estão apodrecidos"
por Redação RBA publicado 27/04/2016 11:55, última modificação 27/04/2016 12:53
REPRODUÇÃO/TV BRASIL
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Marcia Tiburi afirma que as pessoas fascistas estão criando um 'mal-estar profundo na sociedade'

São Paulo – A filósofa Marcia Tiburi vê a intolerância política crescente no país como "uma estranha autorização das pessoas que não refletem, não raciocinam, sem um pensamento voltado à questão social, que se manifestam contra aqueles que se posicionam contra o golpe, ou seja, daqueles que tem uma visão da sociedade mais ampliada."

"Acho que estamos vivendo uma espécie de escândalo fascista. Há um momento de avanço da espetacularização fascista no dia a dia. O que está estarrecendo todo mundo é essa autorização pessoal que vemos nas ruas, o medo por estar com uma roupa vermelha ou por ter uma posição crítica da sociedade. O que chama a atenção dessas figuras que têm se jogado numa forma de pressão fascista, preconceituosa, agressiva e, sobretudo, autorizada para expressar a intolerância", afirmou Tiburi, em entrevista à repórter Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.

A filósofa usa o termo "fascistizado" para denominar o Congresso Nacional, onde ela vê raras exceções, como os parlamentares de esquerda mais críticos, mas que são minorias. Ela alerta que o cidadão comum, que não tem poderes, também expressa o fascismo. "Tem uma coisa que é interessante. O fascista não escuta, é uma personalidade autoritária. Ele não está aberto ao outro, pois possui um pré-julgamento do outro. Ele o trata como 'um petista' e vai xingá-lo. Esse ódio é fomentado e manipulado pelos meios de comunicação, a pessoa apenas repete o discurso de certas mídias, hegemônico, como a televisão e jornais de grande circulação. O fascista apenas repete o discurso pronto, ele se apodera de uma espécie de capital de conhecimento e consegue calar os outros."

Para ela, seria importante avaliar o cotidiano dessas pessoas que não param para pensar. "Essa é uma figura que é preciso ter uma atenção, estudar, porque há muitos problemas subjetivos, políticos, psíquicos e até psicanalíticos envolvidos. Tudo isso é feito do vazio do pensamento", explica a filósofa. "O pensamento está em baixa, muitas pessoas se negam a refletir, questionar, perguntar o que está acontecendo."

Ela acredita que a amplitude da conjuntura atual está criando um mal-estar profundo na sociedade. "Existe um arranjo sistêmico. Um golpe do Judiciário, que está apodrecido, além da mídia apodrecida, que faz existir o braço midiático no golpe. Há também o golpe cotidiano, que o mero cidadão que pratica o golpe de si mesmo, que se aliena através d um reality show, onde aprendeu um ritual de sacrifício, acha que pode praticar o pequeno golpe definindo que o presidente tem que sair."

Autora do livro Como conversar com um fascista, Marcia acredita que aqueles que defendem a democracia devem apelar para a lei. Ela afirma que, sem legalidade, não há direitos, e sugere a análise do cidadão comum nesse momento. "Analisar a si mesmo levaria o cidadão a cair em um processo de profunda vergonha e mal-estar. Esse indivíduo acaba se lançando em um processo de julgar o outro, vide o caso da corrupção no Brasil. Aliás, essa história de golpe, esse senso do impeachment, se alicerça em uma propaganda contra a corrupção e é para convencer o cidadão mediano de que ele é melhor do que aquele que o governa."

"Muitos não sabem diferenciar o processo de impeachment da Operação Lava Jato. Existe muita confusão conceitual típica de um país que não teve educação política, onde muitos são manipulados pelos meios de comunicação hegemônicos", acrescenta.

Por outro lado, a filósofa vê a mídia alternativa como ponto positivo. Ela diz que ficou chocada com o fato de o jornalista Pio Redondo perder três dentes após ser agredido por manifestantes que acampam em frente ao prédio da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e abre uma reflexão sobre esse tipo de violência.

"Desculpa falar assim, mas quando a gente quer que o cachorro entre em uma briga devemos incitar muito esse cão para que fique irritado. Talvez as pessoas estejam sendo maltratadas pelos próprios organizadores do golpe. Eu acho que todos os fascistas e golpistas que estão se manifestando de maneira agressiva, precisam de ajuda psiquiátrica e pedagógica. Ali não há gente normal que sabe o que está acontecendo com a política brasileira."

Marcia Tiburi diz que os fascistas são resultados de uma produção, já que o fascismo não é natural das pessoas, mas fomentado, principalmente pela tevê, num processo de vários anos. "Para implantar o fascismo, a gente não pode criar um cenário simples e tranquilo, mas um cenário furioso com o discurso do ódio, incitando as pessoas a odiarem os diferentes. Hoje, o cidadão comum, quando encontra alguém que ele não gosta, nós devemos perguntar de onde vem esse ódio, porque não é algo das pessoas. Quem ensina as pessoas a odiar são as instituições."

Ouça: https://soundcloud.com/redebrasilatual/estamos-vivendo-espetacularizacao-fascista-onde-midia-e-judiciario-estao-apodrecidos-diz-tiburi 

''Devemos dizer não ao modelo baseado no capital e na produção.'' O discurso do Papa Francisco em Turim

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Terça, 23 de junho de 2015

''Devemos dizer não ao modelo baseado no capital e na produção.'' O discurso do Papa Francisco em Turim

Publicamos abaixo amplos trechos do discurso do Papa Francisco aos desempregados, trabalhadores e empresários proferidos nesse domingo, em Turim, na Itália.

O texto foi publicado no jornal La Stampa, 22-06-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Saúdo a todos vocês, trabalhadores, empresários, autoridades, jovens e famílias presentes neste encontro e lhes agradeço pelos seus discursos, do qual surge o senso de responsabilidade diante dos problemas causados pela crise econômica e por terem testemunhado que a fé no Senhor e a unidade da família lhes são de grande ajuda e apoio.

A minha visita a Turim inicia com vocês. E, acima de tudo, expresso a minha proximidade aos jovens desempregados, aos beneficiários e às pessoas em trabalho precário; mas também aos empresários, aos artesãos e a todos os trabalhadores dos vários setores, em particular aos que sofrem mais para seguir em frente.

O trabalho não é necessário apenas para a economia, mas para a pessoa humana, para a sua dignidade, para a sua cidadania e também para a inclusão social. Turim é historicamente um polo de atração do trabalho, mas hoje está fortemente afetada pela crise: o trabalho falta, aumentaram as desigualdades econômicas e sociais, muitas pessoas empobreceram e têm problemas com a casa, a saúde, a educação e outros bens primários.

A imigração aumenta a competição, mas os imigrantes não devem ser culpabilizados, porque eles são vítimas da iniquidade, dessa economia que descarta e das guerras. Faz chorar ver o espetáculo destes dias, em que seres humanos são tratados como mercadorias!

Nessa situação, somos chamados a reafirmar o "não" a uma economia do descarte, que pede para nos resignarmos à exclusão daqueles que vivem em pobreza absoluta – em Turim, cerca de um décimo da população. Excluem-se as crianças (natalidade zero!), excluem-se os idosos e agora excluem-se os jovens (mais de 40% de jovens desempregados)! Quem não produz é excluído, do modo "usa e joga fora".

Somos chamados a reafirmar o "não" à idolatria do dinheiro, que leva a entrar a todo o custo no número dos poucos que, apesar da crise, enriquecem, sem cuidar dos muitos que empobrecem, às vezes até a fome.

Somos chamados a dizer "não" à corrupção, tão difundida que parece ser uma atitude, um comportamento normal. Mas não em palavras, com os fatos. "Não" aos conluios mafiosos, às fraudes, aos subornos e coisas desse tipo.

E só assim, unindo as forças, podemos dizer "não" à iniquidade que gera violência. Dom Bosco nos ensina que o melhor método é o preventivo: o conflito social também deve ser evitado, e isso se faz com a justiça.

Nessa situação, que não é só turinense, italiana, é global e complexa, não se pode apenas esperar a "retomada" – "esperemos a retomada...". O trabalho é fundamental – a Constituição italiana declara isso desde o início –, e é necessário que a sociedade inteira, em todas as suas componentes, colabore para que ele exista para todos e seja um trabalho digno do homem e da mulher. Isso requer um modelo econômico que não seja organizado em função do capital e da produção, mas em função do bem comum.

E, a propósito das mulheres – você (a trabalhadora que havia discursado) falou disso –, os seus direitos devem ser protegidos com força, porque as mulheres, que também carregam o maior peso no cuidado da casa, dos filhos e dos idosos, ainda são discriminadas, também no trabalho.

É um desafio muito comprometedor, que deve ser enfrentado com solidariedade e olhar amplo. E Turim é chamada a ser, mais uma vez, protagonista de uma nova era de desenvolvimento econômico e social, com a sua tradição manufatureira e artesanal – pensemos, no relato bíblico, que Deus fez justamente o artesão... Vocês são chamados a isto: manufatureira e artesanal – e, ao mesmo tempo, com a pesquisa e a inovação.

Por isso, é preciso investir com coragem na formação, tentando inverter a tendência que viu cair nos últimos tempos o nível médio de instrução e muitos jovens abandonarem a escola. Você (ainda a trabalhadora) ia para a escola à noite, para poder ir em frente...

Hoje, eu gostaria de unir a minha voz à de muitos trabalhadores e empresários para pedir que possa ser implementado também um "pacto social e geracional". [...]

Gostei muito que vocês três falaram da família, dos filhos e dos avós. Não se esqueçam dessa riqueza! Os filhos são a promessa a ser levada adiante: esse trabalho que vocês assinalaram, que vocês receberam dos seus antepassados. E os idosos são a riqueza da memória.

Uma crise não pode ser superada, nós não podemos sair da crise sem os jovens, os meninos, os filhos e os avós. Força para o futuro e memória do passado que nos indica aonde se deve ir. Não ignorem isso, por favor. Os filhos e os avós são a riqueza e a promessa de um povo.

Em Turim e no seu território, ainda existem notáveis potencialidades para se investir para a criação de trabalho: a assistência é necessária, mas não basta: é preciso promoção, que regenere a confiança no futuro. Aqui estão algumas coisas principais que eu gostaria de lhes dizer.

Acrescento uma palavra que eu não gostaria que fosse retórica, por favor: coragem! Isso não significa: paciência, resignem-se. Não, não, não significa isso. Mas, ao contrário, significa: ousem, sejam corajosos, vão em frente, sejam criativos, sejam "artesãos" todos os dias, artesãos do futuro! Com a força daquela esperança que o Senhor nos dá e nunca desilude. Mas que também precisa do nosso trabalho.

Por isso, eu rezo e acompanho vocês com todo o coração. O Senhor abençoe a todos vocês, e Nossa Senhora os proteja.

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/543822-devemos-dizer-nao-ao-modelo-baseado-no-capital-e-na-producao-o-discurso-do-papa-francisco-em-turim


Compreender a pobreza. Artigo de Gustavo Gutiérrez

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Terça, 26 de abril de 2016

Compreender a pobreza. Artigo de Gustavo Gutiérrez

"Hoje – e este hoje já faz um bom tempo – a desumanidade e injustiça da pobreza, a ignorância de suas causas e a percepção de sua complexidade, extensão e profundidade, tenhamos ou não uma experiência direta dela, não pode ser desculpada. É um conhecimento que constitui uma pauta importante para apreciar a qualidade – e a eficácia – humana e cristã da solidariedade com o pobre", escreve o teólogo dominicano peruano Gustavo Gutiérrez, em fragmento de um artigo escrito para um livro em homenagem a Aloysius PierisEncounter with the Word (Sri Lanka,The Ecumenical Institute for Study and Dialogue), e publicado por Reflexión y Liberación, 22-04-2016. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

A pobreza é uma realidade multifacetada, desumana e injusta: consequência, sobretudo, da forma como se pensa e se organiza a vida em sociedade.

Um fato complexo

A pobreza é um fato complexo. Não se limita, portanto, sem que isto signifique negar sua importância, à vertente econômica. A realidade de países plurirraciais e pluriculturais, assim como são boa parte dos latino-americanos, o Peru entre eles, colocou-nos rápido e diretamente diante dessa diversidade. Visão reforçada pela complexa compreensão que a Escritura, nos dois testamentos, tem dos pobres: os que mendigam para viver, as ovelhas sem pastor, os ignorantes da Lei, aqueles que são chamados "os malditos" no Evangelho de João (7, 49), as mulheres, as crianças, os estrangeiros, os pecadores públicos, os enfermos de males graves.

Presente desde um início, como problema e como enfoque, esta complexidade (realidade que hoje as agências internacionais começaram a destacar) foi aprofundada pela reflexão teológica latino-americana, acompanhando diversas linhas, nos anos seguintes. Precisamente, a consciência dessa multidimensionalidade levou às recentes expressões de 'não pessoa' e de 'insignificante' para nos referir aos pobres. Com elas, desejava-se enfatizar o que todos os pobres possuem em comum: a ausência do reconhecimento de sua dignidade humana e de sua condição de filhas e filhos de Deus, seja por razões econômicas, como também raciais, de gênero, culturais, religiosas ou outras.

Condições humanas, estas últimas, que a mentalidade dominante de nossas sociedades não valoriza, criando uma situação desigual e injusta.

Injustiça, não infortúnio

A pobreza não é uma fatalidade, é uma condição. Não é um infortúnio, é uma injustiça. É resultado de estruturas sociais e de categorias mentais e culturais. Está relacionada ao modo como a sociedade foi construída, em suas diversas manifestações. É fruto de mãos humanas: estruturas econômicas e atavismos sociais, preconceitos raciais, culturais, de gênero e religiosos acumulados ao longo da história, interesses econômicos cada vez mais ambiciosos; portanto, sua abolição também está em nossas mãos.

Atualmente, dispomos dos instrumentos – sujeitos ao exame crítico de rigor – que permitem conhecer melhor os mecanismos econômico-sociais e as categorias em jogo. Analisar essas causas é uma exigência de honestidade, e, para dizer a verdade, o caminho obrigatório, caso queiramos realmente superar um estado de coisas injusto e desumano. Ponto de vista que – sem esquecer que na pobreza dos povos intervém fatores variados – revela o papel que a responsabilidade coletiva possui neste assunto e, em primeiro lugar, a daqueles que possuem maior poder na sociedade.

Reconhecer que a pobreza não é um fato inelutável, que tem causas humanas e que é uma realidade complexa, leva a repensar as formas clássicas de atender a condição de necessidade na qual se encontram os pobres e insignificantes. A ajuda direta e imediata a quem vive uma situação de necessidade e injustiça conserva seu sentido, mas deve ser reorientada e, ao mesmo tempo, ir além: eliminar o que dá lugar a esse estado de coisas.

Apesar da evidência do assunto, não se pode dizer, no entanto, que esta perspectiva estrutural tenha se tornado uma opinião generalizada no mundo de hoje, nem tampouco em ambientes cristãos. Falar de causas da pobreza faz ver a delicadeza e, na verdade, a dimensão de conflito do problema, razão pela qual muitos buscam evitá-las.

Uma situação que se agrava

Ao anterior, acrescentam-se outros elementos da nossa atual percepção da pobreza que devem ser considerados

Um deles é a dimensão planetária da situação em que se encontra a grande maioria da população mundial. Isto vale para o conjunto do que entendemos por pobreza, ainda que muitas vezes os estudos a esse respeito insistam muito mais em sua vertente econômica, sem dúvida a mais fácil de medir. Por longo tempo, as pessoas só conheceram a pobreza que tinham perto, em sua cidade ou, no máximo, em seu país. Sua sensibilidade, quando existia, limitava-se, explica-se, ao que tinham diante dos olhos e, literalmente, ao alcance da mão (para dar uma ajuda direta, por exemplo). As condições de vida de então não permitiam ter um entendimento suficiente da extensão desse estado de coisas. Isto mudou, qualitativamente, com a facilidade de informação que se foi adquirindo. O que antes era distante e remoto, tornou-se próximo e cotidiano. Além disso, os dados e os estudos sobre a pobreza massiva, realizados por inúmeras organizações em nossos dias, multiplicam-se e traçam seus métodos de investigação. Não podem ser ignorados.

Outro traço que também modificou nossa aproximação com a pobreza é seu aprofundamento e o aumento da distância entre as nações e pessoas mais ricas e as mais pobres. Isto, na avaliação de certos economistas, está levando ao que se qualificou de 'neodualismo': a população mundial se coloca cada vez mais nos dois extremos do espectro econômico e social. Uma das linhas divisórias é o conhecimento científico e técnico que se constituiu o eixo mais importante de acumulação na atividade econômica e cujos avanços aceleraram a já desenfreada exploração – e depredação – dos recursos naturais do planeta, que são um patrimônio comum da humanidade. Estes fatores aumentaram a distância que mencionávamos.

Não obstante, o assunto não se limita ao aspecto econômico da pobreza e à insignificância. No espaço criado por essa disparidade crescente, intervêm e se entrecruzam os elementos mencionados anteriormente: os que vem do terreno econômico, por um lado, com os referentes às questões de ordem cultural, racial e de gênero, por outro. Este último levou a se falar, com razão, de uma feminização da pobreza. Com efeito, as mulheres constituem o setor mais atingido pela pobreza e a discriminação, principalmente se pertencem a culturas ou etnias desprezadas. Embora a questão agora tenha alcançado proporções escandalosas, o processo de acentuação dessa distância estava em marcha há décadas, o que explica o alvoroço que já provocava, desde então.

Hoje – e este hoje já faz um bom tempo – a desumanidade e injustiça da pobreza, a ignorância de suas causas e a percepção de sua complexidade, extensão e profundidade, tenhamos ou não uma experiência direta dela, não pode ser desculpada. É um conhecimento que constitui uma pauta importante para apreciar a qualidade – e a eficácia – humana e cristã da solidariedade com o pobre.


http://www.ihu.unisinos.br/noticias/554111-compreender-a-pobreza-artigo-de-gustavo-gutierrez#.Vx_tpwsnft8.facebook


25/04/2016

Carta Aberta às Comunidades Sobre a Atual Conjuntura Política do Brasil

Carta Aberta às Comunidades Sobre a Atual Conjuntura Política do Brasil

"Quero ver o direito brotar como fonte, e correr a justiça qual riacho que não seca" Am 5, 24.

Os agentes de pastoral da Prelazia de São Félix do Araguaia, reunidos, nos dias 28 de março a 02 de abril de 2016, em São Félix do Araguaia, MT, com o bispo Dom Adriano Ciocca Vasino e o bispo emérito Dom Pedro Casaldáliga, manifestam grande preocupação com o momento sociopolítico que vivenciamos atualmente.

Sabemos que uma crise econômica, que se iniciou de forma concreta em 2008, está afetando fortemente o sistema capitalista e tem provocado, por parte de grandes empresas e países ricos como os Estados Unidos, uma investida violenta em diversos países em desenvolvimento. Tais países são vistos como fornecedores de matéria prima e mão de obra barata para alimentar o luxo e o consumo dos ricos de fora e da elite interna que tem se tornado cada vez mais rica e opulenta.

Povos e comunidades são desconsiderados e expropriados de seus direitos para abrirem espaços para as grandes empresas. No Brasil, a conjuntura atual é caracterizada por uma profunda crise política institucional, que ameaça as conquistas democráticas, rompendo com o pacto social realizado nas últimas décadas, bem como com o respeito aos valores humanos básicos.

Como Igreja, apoiamos o combate às injustiças e a corrupção e apelamos ao Ministério Público e ao Judiciário que ajam com isenção, rigor e imparcialidade no exercício de suas funções, punindo os responsáveis independentemente do partido a que pertençam.

O momento atual que a sociedade brasileira atravessa é delicado e exige acima de tudo uma reflexão aprofundada isenta de paixões e partidarismos. Apelamos para o bom senso dos integrantes do Congresso Nacional (Deputados e Senadores), afim de que saibam olhar a complexidade e delicadeza desse momento. Não podemos retroceder nas conquistas democráticas alcançadas.

Repudiamos a tentativa de desestabilização de um Governo democraticamente eleito, sob o risco de conduzir o País ao caos generalizado. Grupos conservadores, respaldados pela grande mídia, passam uma visão superficial e manipulada do grave momento que o país vive.

Acreditamos que a sociedade brasileira, civil e organizada, esteja à altura de compreender a gravidade do momento e dizer NÃO a qualquer tentativa de golpe.

O Povo já superou graves crises institucionais, saberá manter a serenidade e de forma pacífica fará valer o Direito e a Justiça.

São Félix do Araguaia – MT, 02 de Abril de 2016.

Entrevista :: Espaço Público :: João Pedro Stedile

"O STF é responsável pela continuidade do Cunha. Deveriam ter agilidade de acelerar esse processo e julgá-lo, porque não há outra instância para isso, e ele manipula até a Comissão de Ética", avaliou João Pedro Stedile, do MST. 

Assista ao no ‪#‎EspaçoPúblico‬ completo: http://bit.ly/1QseW0p



Espaço Público :: João Pedro Stedile



Entrevista de 19/04, do Espaço Público, com o gaúcho João Pedro Stédile, dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), formado em economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e pós-graduado pela Universidade Nacional Autônoma do México. Stedile já dedicou 37 dos seus 62 anos de vida à luta pela reforma agrária.  O líder do MST, filho de pequenos agricultores italianos, foi um dos articuladores do encontro de movimentos sociais com o papa Francisco, menos de um ano atrás. "Assim como o capitalismo tem Obama, nós temos o papa", declarou na ocasião, acrescentando: "O Francisco tem assumido esse papel de liderança, graças a Deus. Ele tem acertado todas".

Transmitido pela TV Brasil toda terça-feira, às 23h, o programa Espaço Público é apresentado pelo jornalista Paulo Moreira Leite, com a participação do também jornalista Florestan Fernandes Júnior. Na entrevista com João Pedro Stedile, a mesa foi composta, ainda, pela repórter Júlia Duailibi, da revista Piauí.


Carta do 14º Encontro Estadual de CEBS às Comunidades do RS

Carta do 14º Encontro Estadual de CEBS às Comunidades do RS


Diocese de Caxias do Sul, Farroupilha, 21 a 24 de abril de 2016


Nós, mil e duzentos participantes do 14º Encontro Estadual de CEBs, entre numerosas lideranças leigas, bispos, padres, diáconos, consagradas e consagrados e representações de outras confissões religiosas, reunidos de 21 a 24 de abril de 2016, na cidade de Farroupilha, Diocese de Caxias do Sul, saudamos fraternalmente a todas as comunidades do Rio Grande do Sul.


Foram quatro dias intensos de encontro, onde sentimos a alegria de estarmos juntos e experimentarmos como é bom sermos comunidade fraterna, irmanadas na mesma fé, desafiadas pelos mesmos problemas e animadas por uma grande esperança.


À luz da Palavra de Deus e em sintonia com a caminhada de toda a Igreja no Brasil e sob o lema "vinho novo em barris novos", refletimos e rezamos o tema "Comunidade: Igreja da base, fermento da nova sociedade".


Seguindo a metodologia do ver, julgar e agir, tomamos consciência da gravidade e da crueldade dos problemas que afetam nossa realidade. Vivemos numa sociedade capitalista, que se fundamenta da propriedade privada de tudo e nas relações de exploração, dominação e competição. É o que vemos espelhado na crise política do Brasil e experimentamos no dia a dia de nossa vida. Os frutos dessa lógica capitalista são divisão, destruição e morte das pessoas e da mãe terra. Como denuncia o Papa Francisco, "esse sistema é insuportável, exclui, degrada, mata".


Um olhar de fé e de esperança cristãs nos fazem ver mais longe e acreditar na vida e enquanto Igreja da base, sermos fermento de uma nova sociedade, desafiados a olhar e viver a vida a partir do outro, especialmente o mais marginalizado e necessitado, como comunidade de fé, que nos acolhe, irmana e envia como "Igreja em saída", como Igreja da misericórdia.


Iluminados pela Palavra de Deus, e animados pelo projeto de Jesus nos sentimos encorajados e desafiados a superar a realidade de opressão e crises que nos angustiam.


Foi com essa convicção que nos organizamos em 11 miniplenárias, discutindo diversos temas relacionados com a vida das comunidades: diversidade religiosa; os desafios do mundo urbano; famílias e suas diversidades; juventudes; protagonismo dos leigos e das leigas; organização política; meio ambiente: cuidado com a casa comum; agroecologia; missionariedade: uma Igreja em saída; diversidade de gênero e protagonismo feminino.


Concluído o debate dos grupos nos comprometemos:


- Em sermos Comunidades Eclesiais e Ecológicas de Base, o rosto da Igreja em saída, profética e missionária a serviço da vida, em especial a vida dos pobres, em cuja carne comungamos o corpo e o sangue do próprio Jesus Cristo, com um especial e urgente cuidado com a Casa comum.


- Em ser rosto de uma Igreja de Jesus Cristo que testemunhe a radical igualdade de filhos e filhas de Deus pela vivência comunitária que respeite e acolha as diversidades de nosso povo (de gênero, raça, cultura e credo) e supere todo tipo de autoritarismo, clericalismo, machismo e patriarcalismo.


- Como Igreja, Povo de Deus, Rede de Comunidades, a promover a formação de pequenos grupos, intensificando a iniciação à vida cristã e a formação política e a mística sempre a partir da Palavra de Deus.


- Como Comunidades de Base, fermento de uma nova sociedade, a assumir a defesa e ampliação da Democracia, participando do fortalecimento da organização popular, impulsionando o PROTAGONISMO dos pobres, por onde passam as transformações que sonhamos e buscamos.


- A reconhecer e fortalecer o protagonismo das mulheres em todos os espaços da Igreja.


- A sermos Comunidades que vão ao encontro das periferias sociais e existenciais dinamizando e impulsionando as Pastorais sociais e outros iniciativas de promoção dos direitos humanos, que respondam aos clamores surgidos do sofrimento do povo em cada realidade.


Fortalecidos pela graça de Deus, acreditamos que "Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes, consegue mudanças extraordinárias e muda a face da Terra".


Confiamos que Maria e São José não deixem faltar vinho, mas nos ajudem a garantir, que o "vinho novo" continue abundante em barris novos e jorrando na Igreja da base, fermentando a nova sociedade.


Amém, Axé, Awere, Aleluia




DECLARAÇÃO DE APOIO À DEMOCRACIA E AOS DIREITOS SOCIAIS

DECLARAÇÃO DE APOIO À DEMOCRACIA E AOS DIREITOS SOCIAIS


  "Quero ver o direito jorrar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca! (Am 5,24)


  1. Nós, delegadas e delegados, reunidos em Farroupilha, diocese de Caxias do Sul, no 14º Encontro estadual de CEBs, trazemos em nossas reflexões, orações e preocupações todo povo brasileiro, em especial nesta situação muito desafiadora em que vive. Fazemos nossas "as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem" (Gaudium et Spes, 1).

  1. Sabemos o quanto de suor e sangue derramados custou a conquista de cada direito e da jovem democracia brasileira, sempre ameaçada pela tirania de um sistema econômico que se fundamenta na propriedade privada de tudo e nas relações de exploração, dominação e competição, que idolatra o dinheiro. Como denuncia o Papa Francisco "esse sistema é insuportável, exclui, degrada, mata".

  1. Esse Poder econômico dominante sequestrou a política e não hesita em atropelar o Estado Democrático de Direito, quando se trata de defender os seus interesses. Por exemplo, tramitam no Congresso nacional muitos projetos que são uma séria ameaça de retirada de direitos: a terceirização, a ameaça aos territórios indígenas e quilombolas, a derrocada do regime da Partilha do Pré-sal, o projeto de mineração, a redução da maioridade penal, a criminalização dos movimentos sociais e populares, as sementes termination suicidas, etc.

  1. Concluímos que o processo que propõe o impeachment da presidenta é um golpe contra a democracia, pois as acusações contra a presidenta não caracterizaram crime de responsabilidade e leva em conta apenas os interesses particulares de quem o propõe.

  1. Concordamos também que "todas as suspeitas de corrupção, bem como de sonegação, devem continuar sendo rigorosamente apuradas, independente dos partidos, e não de forma seletiva. Os acusados sejam julgados pelas instâncias competentes, respeitado o seu direito de defesa; os culpados sejam punidos e os danos sejam devidamente reparados, a fim de que sejam garantidas a transparência, a recuperação da credibilidade das instituições e restabelecida a justiça."

  1. Não podemos nos calar e nem tolerar mudanças políticas conservadoras e retrógadas que nos afastam dos projetos de paz e justiça para todas as pessoas. Queremos seguir na busca e na luta pelos direitos e pela dignidade da vida. Comprometemo-nos a seguir firmes no anúncio da justiça e na denúncia das injustiças, pois Jesus proclama "felizes aqueles que são perseguidos por causa da justiça" (Mateus 5,12).

  1. Reafirmamos o nosso compromisso com a defesa e ampliação da Democracia e dos Direitos, e contra toda forma de golpes. Concordamos com a Declaração da CNBB (54ª AG, 13 de abril de 2016), que "a crise atual evidencia a necessidade de uma autêntica e profunda reforma política, que assegure efetiva participação popular, favoreça a autonomia dos Poderes da República, restaure a credibilidade das instituições e garanta a governabilidade," criando condições para avançar em outras reformas estruturais importantes (agrária, urbana, tributária, a regulamentação da mídia e outras).

  1. Como CEBs, queremos estar presentes nas lutas do povo brasileiro, no seu esforço em preservar os valores da convivência democrática, do respeito ao próximo, da tolerância e do sadio pluralismo, promovendo o debate político com serenidade. Manifestações populares pacíficas contribuem para o fortalecimento da democracia. Como afirmam nossos bispos, "acreditamos no diálogo, na sabedoria do povo brasileiro e no discernimento das lideranças na busca de caminhos, que garantam a superação da atual crise e a preservação da paz em nosso país. "Todos os cristãos, incluindo os Pastores, são chamados a se preocupar com a construção de um mundo melhor" (Papa Francisco).

  1. Assumimos o compromisso de ajudar a impulsionar os Comitês Populares em Defesa e a ampliação da Democracia e dos Direitos.


Farroupilha, 24 de abril de 2016.


Participantes do 14º Encontro estadual das Comunidades Eclesiais de Base do RS

ROMERO

ROMERO


https://www.youtube.com/watch?v=QpVBTjVcjfU


Dom Oscar Romero é um filme que narra o testemunho de vida deste grande homem de Deus, em tempos difíceis vividos na América-Latina e em seu país, El Salvador.


Audio: espanhol, legenda: português.

Dia da Terra

Dia da Terra e da descoberta oficial do Brasil.
Cantos do Sul da Terra, de sexta-feira, dia 22 de abril de 2016.

Ouça o programa, clicando em: https://www.mixcloud.com/Cultura1077/cantos-do-sul-da-terra-22042016/



Por que Paulo Freire na demonstração?

Terça, 17 de março de 2015

Por que Paulo Freire na demonstração?

"Dizer que Freire tem algo a ver com marxismo é ignorância crassa. Paulo Freire representa o genuíno pensamento igualitário e respeitoso de nossa América Latina". A afirmação é de Pedrinho Guareschi, foi professor-titular e pesquisador no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS. Doutor em Psicologia Social e Comunicação pela University of Wisconsin at Madison (UWM) e Pós-Doutor pela UWM e University of Cambridge (UC), Inglaterra. É professor colaborador permanente no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional da UFRGS.

Eis o artigo. 

Essa foto é extremamente significativa e ilustrativa, pois vem demonstrar, com uma clareza extraordinária, duas coisas importantes: 
 
1. Fico me perguntando: por que Paulo Freire? E faz todo o sentido. O que está acontecendo no Brasil não é contra algum problema econômico, político, ou contra corrupção, ou contra partido: é uma reação contra um PROJETO. E esse projeto é o que Paulo Freire significa. Como as coisas estão ficando claras! Esse projeto é contra uma pessoa que dizia que 'não há um que sabe mais, ou menos: há saberes diferentes".

A classe dominante, a Casa Grande - e todos os que hoje representam essa classe: as elites, a grande mídia, os grandes latifundiários, os banqueiros, e, infelizmente, as pessoas que se deixaram contaminar pelas ideias deles, os dos bairros ricos que bateram panelas, os que aceitam os valores da Globoe da Grande Mídia, os que leem a Veja, etc.etc. - NÃO PODEM ACEITAR UM PROJETO ASSIM, DE IGUALDADE, FRATERNIDADE, RESPEITO, onde todos os saberes têm de ser respeitados, onde não há uns que são mais que os outros, etc. E a Dilma, o Lula, a Luciana, a Maria do Rosário, a Manoela, o Rosseto, o Tarso, a Erundina, etc.etc. são gente que pensam assim, gente que se formou e se criou dentro desse 'pensamento' igualitário, fraterno, respeitoso, democrático de Paulo Freire.

Paulo Freire representa uma verdadeira transformação, uma revolução qualitativa. Todos esses "beberam" do pensamento de Freire. E, além do mais, Freire é nordestino, foi um dos fundadores do PT e sempre defendeu os movimentos sociais, a começar pelos Sem Terra. Se alguém duvidar disso, veja o filme que Freire gravou 15 dias antes de morrer, In Memoriam, onde ele fala das 'marchas'. Dizer que Freire tem algo a ver com marxismo é ignorância crassa. Paulo Freire representa o genuíno pensamento igualitário e respeitoso de nossa América Latina.

2. Esse cartaz - impressionante! - mostra contra quem mesmo eles estão "revoltados", indignados. Assim eles se traem. E mostra como Paulo Freire é mesmo um divisor de águas!!! Isso me convence sempre mais do que sempre digo - e repito sempre que posso: quem LEVA A SÉRIO A FRASE DE PAULO FREIRE - que não há um que sabe mais ou menos, há saberes diferentes - se for coerente, TEM DE MUDAR SUA VIDA!!! Tudo toma outra dimensão. A prática cotidiana - na família, na escola, na rua, no trabalho, nas relações de gênero, na igreja, TUDO, tem de mudar.

Fico feliz em ver isso comprovado! Isso é ótimo. Então: tudo o que vem se dizendo: corrupção, Petrobrás, etc.etc. é tudo mistificação, é para desviar dessa outra questão, QUE É A NECESSIDADE DE SE TER UMA DEMOCRACIA VERDADEIRA, DE IGUALDADE, DE RESPEITO, QUE PAULO FREIRE REPRESENTA!

Que fantástico ver isso! Não precisa argumentação melhor! Nunca um cartaz pode deixar transparecer os verdadeiros motivos de porque não se aceita UM NOVO PROJETO para nossa sociedade!

Viva Paulo Freire! Viva o Brasil pelo qual Freire deu sua vida.


http://www.ihu.unisinos.br/noticias/540919-porque-paulo-freire-na-demonstracao


O Mistério Pascal hoje...

O Mistério Pascal hoje...


Pedrinho Guareschi


"Popule meus, quid feci tibi? In quo contristavi te? Responde mihi!" | "Povo meu, que é que lhe fiz? Em que o contristei? Responda-me!"

Que me perdoem os amigos(as) se os surpreender com essas minhas meditações, mas algo me força a partilhá-las, que força interna será essa? Arrisco, com humildade, essas reflexões, pedindo já desculpas... Os cristãos comemoram o Mistério Pascal, o mistério que nunca compreenderemos, da íntima ligação em nossas vidas entre morte e ressurreição. Quem compreenderá? Mas o que me leva a essa partilha é que vejo hoje, tão nitidamente (para mim...) como esse mistério se concretiza... É o Servo de Javé ferido, machucado, sangrado, crucificado... e um povo que o aclamou há pouco, gritando: crucifica-o! Mas o que queria dizer é: vivi ao menos 50 anos de minha vida ligado ao povo, aos pobres, nas vilas, periferias...E vi as lutas, dores, mortes e também ressureições! E agora, nesse ano de 2015, vivo e sofro novamente esse mistério, mas de um modo que talvez espante a alguns. Celebro, na memória da Paixão de Jesus, sua flagelação, sua execração. E leio nas celebrações as leituras da liturgia, as lamentações do Profeta Jeremias prefigurando essa Paixão de Jesus, em que o Servo diz: "Povo meu, que é que te fiz, em que te contristei? Porque me flagelas? Porque te tirei da escravidão do Egito? Porque te alimentei no deserto? Por que te conduzi a uma terra onde corre leite e mel? Diga-me, porque me torturas e me crucificas?" E agora o que sinto (desculpem, se quiser parar de ler aqui, pare...) Sinto algo parecido com essas cenas. O Mistério Pascal, mesmo para os que não creem, é uma realidade humana e concreta. Vejo multidões saindo às ruas – talvez aquelas que mais benefícios receberam, que conseguiram sair de uma situação difícil – clamar: crucifica-a! "Vamos sangrá-la!!" Vamos tirá-la do caminho! E eu me pergunto e tento colocar-me no lugar dela, aquela pessoinha tão frágil, que quando tão jovem arrisca-se a dar a vida para libertar o povo – que é presa, torturada, mas continua firme, corajosa. Ninguém pode acusá-la de nada. Coloco-me no lugar dela perguntando: povo meu! Que é que te fiz? Em que te contristei? Foi por causa dos milhões de mães do bolsa família que agora alimentam seus filhos? Ou por causa da 'minha casa, minha vida' onde posso agora viver decentemente? Ou por causa do 'luz para todos', que veio iluminar minha existência? Ou porque o desemprego agora chegou a um mínimo? Ou por causa dos inúmeros planos educacionais, que levam milhares de jovens a poder estudar? Qual foi o crime que cometi? Só porque agora não posso continuar a dar-te mais benefícios? É por algum desses motivos que quer me crucificar, "me sangrar"? Responda-me!

De novo peço perdão se estou ferindo algum sentimento! Mas o 'mistério pascal' acontece a todo momento, em toda circunstância! Eu o experimento hoje assim... Repito: depois de 50 anos acompanhando a difícil ascensão dos pequenos, dos excluídos, dos que menos podem, das mulheres sofridas das vilas, do povo sem saúde, educação, moradia...que começam a ter mais dignidade de seres humanos...eu vejo gente gritando: crucifica-a! "Vamos fazê-la desaparecer! Vamos destruí-la, eliminá-la!" E me desculpem de novo: mas quem está incentivando essa multidão? Pergunto: quais os escribas, fariseus, sumos sacerdotes, as elites atingidas pelo Jesus Nazareno que questionava seus privilégios...quais essas elites hoje? Estaria equivocado se as identificasse com a grande mídia a serviço das elites de hoje? Essas multidões seriam capazes de ir às ruas, se não fossem incentivadas por esses monopólios da mídia a serviço dos que vêm seus privilégios ameaçados?

Mas o mistério pascal não é só paixão: é também ressurreição. E aqui minha fé: assim como Ele ressuscitou, esse nosso querido povo vai ressuscitar! Vai ter o direito de ter uma vida digna, como o Jesus de Nazaré queria, e por isso passou por todas essas humilhações. É preciso a paixão, para que haja ressurreição. Ele ressuscitará, essa gente será gente, ressuscitará com todos os que com Ele se solidarizarem e se colocarem a serviço de seu projeto de Fraternidade, Justiça, Amor.



Publicado em 21 de junho de 2015 - http://fepoliticaetrabalho.blogspot.com.br/2015/06/o-misterio-pascal-hoje.html


Entrevista com Paulo de Tarso Carneiro

"Primeiro era o combate à corrupção, depois virou combate aos comunistas. E, depois, combate a todos aqueles que faziam oposição"

Em 1964, o advogado gaúcho Paulo de Tarso lutou contra o golpe. Ficou preso por 365 dias, conheceu o pau de arara, choques elétricos, mergulho na fossa e outras técnicas refinadas da truculência militar. Paulo reconhece que o golpe é, hoje, diferente. E, a resistência, mais forte.

"Não tenho dúvida nenhuma que a massa dos estudantes que lutam é, hoje, muito maior", declarou no ato da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no fim da tarde desta quarta-feira.

Mataram Irmã Dorothy

Mataram Irmã Dorothy
(They Killed Sister Dorothy, 2008)

https://www.youtube.com/watch?v=1R86Eg5eoo4



Canção da Terra/Pedro Munhoz - O Teatro Mágico

24/04/2016

Mario Sergio Cortella no Entre o Céu e a Terra

No Entre o Céu e a Terra, Mário Sérgio Cortella falou sobre milagre e as várias formas de interpretá-lo, de acordo com cada religião.

Mario Sergio Cortella é filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário.

TV Brasil - Publicado em 16 de dez de 2014

Entre o Céu e a Terra na TV BRASIL. Toda Quarta. Às 20h.

20/04/2016

14º Encontro Estadual de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), de 21 e 24 de abril, na a Diocese de Caxias do Sul


DIOCESE DE CAXIAS SEDIA 14º ENCONTRO ESTADUAL DE CEBS


Entre os dias 21 e 24 de abril, a Diocese de Caxias do Sul sediará o 14º Encontro Estadual de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). O tema será: Comunidade: Igreja da base, fermento da nova sociedade, e o lema: Vinho novo em barris novos. O evento acontecerá nos pavilhões da Fenakiwi, no bairro Cinquentenário, em Farroupilha-RS. Esta é a segunda vez que a Diocese de Caxias do Sul sedia o encontro.




19/04/2016 // Diocese de Caxias sedia 14º Encontro Estadual de CEBs


Entre os dias 21 e 24 de abril, a Diocese de Caxias do Sul sediará o 14º Encontro Estadual de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). O tema será: Comunidade: Igreja da base, fermento da nova sociedade, e o lema: Vinho novo em barris novos. O evento acontecerá nos pavilhões da Fenakiwi, no bairro Cinquentenário, em Farroupilha-RS. Esta é a segunda vez que a Diocese de Caxias do Sul sedia o encontro. A primeira edição foi em 1988.

De acordo com uma das organizadoras do evento, Lisiane Souza, são esperadas mais de mil lideranças, das dioceses do Rio Grande do Sul, além de algumas lideranças de outras denominações religiosas.

As CEBs surgiram no contexto do Concílio Vaticano II, para criar e fomentar o espírito cristão de amor a Deus e ao próximo, tendo como característica de sua identidade, a eclesialidade.

Em 1975, o Papa Paulo VI, na exortação apostólica Evangelii Nuntiandi, número 58, sublinhou que as CEBs possuem uma base de caráter "nitidamente eclesial e não meramente sociológico ou outro". Ele prossegue afirmando que "elas brotam e desenvolvem-se no interior da Igreja, são solidárias com a vida da mesma Igreja, são alimentadas pela sua doutrina e conservam-se unidas aos seus pastores". O Papa afirma ainda que a vocação fundamental das Comunidades Eclesiais de Base é a de "serem ouvintes do Evangelho que lhes é anunciado e destinatárias privilegiadas da evangelização, tornando-se anunciadoras do Evangelho.

   No documento 100, da CNBB, os bispos afirmam que as Comunidades Eclesiais de Base "são a presença da Igreja junto aos mais simples, comprometendo-se com eles em buscar uma sociedade mais justa e solidária. (...) e constituem uma forma privilegiada de vivência comunitária da fé, inserida no seio da sociedade, em perspectiva profética".

 

Programação

 

            A programação inicia no dia 21, às 14 horas, com a chegada das caravanas de diversas dioceses do Rio Grande do Sul. A celebração de abertura começa às 16 horas.

            No dia 22 as atividades iniciam às 08 horas e prosseguem até às 19 horas, quando iniciará uma caminhada e celebração luminosa dos mártires. O trajeto iniciará nos pavilhões da Fenakiwi e seguirá até o Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio.

            No dia 23 a programação prossegue das 08h às 19h, nos Pavilhões da Fenakiwi. O encontro concluirá no dia 24, após a celebração de envio e almoço de encerramento.

 

Histórico dos encontros das CEBs no Rio Grande do Sul:

 

1º Encontro: São Gabriel, em 1979 – Diocese de Bagé

Tema: A árvore do sistema: causas e consequências dos problemas.

2º Encontro: São Leopoldo, em 1981 – Diocese de Novo Hamburgo.

Tema: Igreja, povo oprimido que se organiza para a libertação.

3º Encontro: Pelotas, em 1983 – Diocese de Pelotas

Tema: CEBs: povo unido, semente de uma nova sociedade.

4º Encontro: Santa Maria, em 1986 – Arquidiocese de Santa Maria.

Tema: CEBs: Povo de Deus em busca da terra prometida.

5º Encontro: Caxias do Sul, em 1988 – Diocese de Caxias do Sul.

Tema: O Povo de Deus no RS a caminho da libertação.

6º Encontro: Venâncio Aires, em 1990 – Diocese de Santa Cruz do Sul

Tema: CEBs: nas culturas do povo, sementes de libertação.

7º Encontro: Ronda Alta, em 1993 – Arquidiocese de Passo Fundo.

Tema: CEBs: Povo de Deus, no RS, construindo sua história de libertação.

8º Encontro: Palmeira das Missões, em 1996 – Diocese de Frederico Westphalen.

Tema: CEBs: fermento na massa.

9º Encontro: Cachoeira do Sul, em 1999 – Diocese de Cachoeira do Sul.

Tema: CEBs: caminhando em defesa da vida contra a exclusão

10º Encontro: Santo Ângelo, em 2002 – Diocese de Santo Ângelo.

Tema: CEBs: buscando nas fontes a sociedade solidária.

11º Encontro: Canoas, no ano de 2006 – Arquidiocese de Porto Alegre.

Tema: Desvelando as raízes da espiritualidade: Sepé Tiaraju ressuscita de novo nas lutas do povo.

12º Encontro: Pelotas, em 2008 – Diocese de Pelotas.

Tema: CEBs: Ecologia e missão e o Lema: "Escolhes a vida, então viverás" (Dt 30, 19b).

13º Encontro: Santa Maria, em 2012 – Arquidiocese de Santa Maria.

Tema: Justiça e Profecia a Serviço da Vida e o Lema: CEBs proféticas e missionárias na vivência do Reino.





http://www.diocesedecaxias.org.br/2016/conteudo_destaques.php?cod_noticia=3531#.VxaDmfkrLIU