27/11/2012

Fé, Política e Trabalho 2013 .ano 10























Curso da Escola de Formação
Fé, Política e Trabalho 2013 .ano 10 

Realização:
Unisinos + IHU (Instituto Humanitas) + Diocese de Caxias + Cáritas Caxias

Certificação:
Unisinos - Instituto Humanitas - www.ihu.unisinos.br

Local: 
Centro de Formação Pastoral - Bairro Colina Sorriso – Caxias do Sul

Período: 
Um final de semana por mês, de março a dezembro de 2013

Inscrições: 
Até 06 de março:
- ou enviando os dados (conforme ficha em http://fepoliticaetrabalho.blogspot.com.br/p/curso-da-escola-de-formacao-fe-politica.html) para fepoliticaetrabalho@gmail.com

Investimento: 
R$ 80 por etapa - partilhados entre o participante (R$25), sua comunidade ou entidade (R$25) e a Diocese (R$ 30)
O valor inclui hospedagem, refeições e materiais

Etapas (aulas e temáticas), professores e mais informações:
http://fepoliticaetrabalho.blogspot.com.br/p/curso-da-escola-de-formacao-fe-politica.html
www.fepoliticaetrabalho.blogspot.com
Centro Diocesano de Formação Pastoral: 
Rua Emílio Ataliba Finger 685 B.Colina Sorriso
Caxias do Sul-RS  Fone (54) 3211-5032


Criação, projeto gráfico, diagramação: Débora Nonemacher
Foto: Milena Leal

18/11/2012

9 ª Etapa da Escola de Fé, Política e Trabalho 2012 – Ano 9


Texto: José Antônio Somensi (Zeca)
Fotos: Fernanda Seibel


Escola de Formação Fé, Política e Trabalho Coordenada pela Cáritas Caxias com o apoio de Diocese de Caxias do Sul e em parceria com o Instituto Humanitas Unisinos – IHU – realizou no Centro Diocesano de Formação Pastoral a sua nona etapa trazendo para análise e reflexões os seguintes temas: 





No sábado, dia 17 de novembro, “Os fundamentos éticos de uma consciência planetária” e contou com a assessoria da professora Ms. Ana Maria Formoso – Unisinos e que a partir da apresentação da Carta da Terra com os seus quatros princípios: 




1º Respeitar e cuidar da Comunidade de vida através do respeito a Terra e a vida em toda sua diversidade, Cuidando da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor, Construindo sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas assegurando a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às futuras gerações; 


2º Integridade Ecológica protegendo a restaurando a integridade dos sistemas ecológicos da Terra com atenção à diversidade biológica, prevenindo o dano ao ambiente como melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução, adotando padrões de produção, consumo e reprodução que proteja, mas capacidades regenerativas da Terra, avançando no estudo da sustentabilidade ecológica, promovendo o intercâmbio aberto e aplicação ampla do conhecimento adquirido; 



3º Justiça Social e Econômica erradicando a pobreza como imperativo ético, social e ambiental, garantindo que as atividades e instituições econômicas promovam o desenvolvimento humano de forma eqüitativa e sustentável, afirmando a igualdade e eqüidade dos gêneros como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e que assegure o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas, defendendo, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a saúde corporal e o bem-estar espiritual, com especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias;


4º Democracia, não-violência e paz fortalecendo as instituições democráticas em todos os níveis, integrando, na educação formal e na aprendizagem conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável, tratando todos os seres vivos com respeito e consideração, promovendo uma cultura de tolerância, não-violência e paz.

A partir destes princípios, a professora Ana Formoso, considerando a complexidade, onde nada é tudo ruim ou tudo bom, tendo a necessidade de construir uma democracia participativa e criando um grande processo de governabilidade-parcerias entre todos os envolvidos - a Carta da Terra se torna plausível a partir das experiências dos índios quéchua equatoriano e aimará boliviano com a proposta do ‘Bem Viver’ que será refletido durante a nossa 36ª Romaria da Terra em nossa Diocese, como uma forma diferente de relação entre sociedade e a natureza, e a sociedade e suas diferenças, na qual a individualidade egoísta deve se submeter a um princípio de responsabilidade social e compromisso ético com uma nova visão da natureza, sem ignorar os avanços tecnológicos nem os avanços em produtividade, mas sim projetando-os no interior de um novo contrato com a natureza como parte de sua própria dinâmica, como fundamento e condição de possibilidade de sua existência no futuro.





No domingo, dia 18 de novembro, o tema foi “As questões de gênero e a inclusão das ‘minorias’ no horizonte de um novo paradigma da civilização atual” e contou com a assessoria da professora Dra.Cleusa Maria Andreatta - Unisinos aonde vimos que na nossa sociedade patriarcal, machista, viciada numa mentalidade de exclusão a questão de gênero é usada como ferramenta de poder e submissão e que a ideia de que o homem é o que manda tem séculos de constituição e ainda enormemente aceita por muitas mulheres que continuam a educar os seus filhos dentro destes ditames. 

Conforme entrevista ao IHU On-Line, o professor Dr. Georges Daniel Janja Bloc Boris, explica que "O homem e a mulher vêm se transformando ao longo do tempo e manifestam-se diferentemente conforme o contexto que vivem".



O importante e necessário hoje é trabalharmos que não devemos e não queremos lutar pela igualdade, mas pela valorização das diferenças num processo de alteridade onde ser homem/mulher deve ser uma construção não uma convenção histórica ou definida dentro de padrões midiáticos.



Também no domingo iniciamos as inscrições para a Escola de Formação Fé, Política e Trabalho 2013 – Ano 10 e os interessados devem fazer suas inscrições até dia 06 de março de 2013. Informações em: www.fepoliticaetrabalho.blogspot.com e fepoliticaetrabalho@gmail.com.



A décima e última etapa da Escola de 2012 acontece nos dias 08 e 09 de dezembro com o tema “O ensino social da Igreja e os desafios do desenvolvimento humano, econômico, técnica. Como a fé inspira a militância cristã na prática da justiça social, da ética, da política e da solidariedade?" E contará com a assessoria do professor Ms Flávio GuerraEstef – Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana.
“O homem e a mulher vêm se transformando ao longo do tempo e manifestam-se diferentemente conforme o contexto em que vivem”

“O que as pesquisas sobre as relações de gênero têm demonstrado é que, especialmente na contemporaneidade, não se pode mais tratar de uma masculinidade, de uma feminilidade ou de um homoerotismo únicos e padronizados”, explica o professor doutor Georges Daniel Janja Bloc Boris em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line.

Por: IHU Online

Boris é professor do Curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza desde 1985; mestre em educação (1992) e doutor em sociologia (2000) pela Universidade Federal do Ceará. Traduziu Ego, Fome e Agressão: Uma Revisão da Teoria e do Método de Freud, obra primeira de Frederick Perls, publicada em português em 2002 pela Summus Editorial. É psicoterapeuta fenomenológico-existencial, supervisor de estágios em psicologia clínica e formador de psicoterapeutas em Gestalt-Terapia. 


Na entrevista que segue, segundo professor, “o homem e a mulher vêm se transformando ao longo do tempo e manifestam-se diferentemente conforme o contexto em que vivem”.




IHU On-Line - Quais são as configurações do masculino e feminino na contemporaneidade?

Georges Boris - O que as pesquisas sobre as relações de gênero têm demonstrado é que, especialmente na contemporaneidade, não se pode mais tratar de uma masculinidade, de uma feminilidade ou de um homoerotismo únicos e padronizados. A concepção de gênero - mais ampla do que a de sexo (mais centrada nos aspectos anatômico, fisiológico e funcional) – refere-se, para a maioria dos pesquisadores da área, a uma "construção", ou seja, não basta que eu tenha um pênis, pêlos e outros constituintes da masculinidade, mas o gênero é, principalmente, uma representação "construída", portanto, é simbólica, relacional, histórica e sociocultural. O que se percebe é que o homem e a mulher vêm se transformando ao longo do tempo e manifestam-se diferentemente conforme o contexto em que vivem. Além disso, por ser relacional, a subjetividade do homem e da mulher sofre interferências na medida em que o outro pólo também se modifica. Assim, hoje, o que percebemos é que há uma multiplicidade de manifestações subjetivas dos modos de ser homem, mulher, "gay" etc.




IHU On-Line - O masculino está em crise? O que seria o "Mal-Estar Masculino na Contemporaneidade"?

Georges Boris - O patriarcado é uma instituição sociocultural milenar e padronizou modos de ser, de se comportar, de se vestir etc. O padrão patriarcal de homem e de mulher era claro e rigidamente definido. Entretanto, apesar de sua clareza, gerava sofrimento. Especialmente as mulheres sofreram - e ainda sofrem bastante - por conta deste padrão sociocultural, que impunha que o homem fosse necessariamente forte, dominador, violento, provedor da mulher e dos filhos, e, portanto, voltado para o mundo público; por sua vez, a mulher era considerada frágil, dominada, passiva, necessitando da proteção e do controle masculino. É inegável a dominação masculina sobre as mulheres, mas um problema pouco discutido é que, embora usufruam da dominação masculina milenar, os homens também estão submetidos a um padrão patriarcal masculino inatingível. Os homens morrem com mais freqüência e mais cedo do que as mulheres em praticamente todos os países do Ocidente. Em outras palavras: muitos homens também rejeitam esta padronização, que impõe papéis rígidos e impede-os de viver e de usufruir de sua humanidade, o que gera um considerável e apenas recentemente reconhecido mal-estar e uma inegável crise da subjetividade masculina.


Homem na atualidade

Com o crescente abalo do patriarcado nas últimas décadas e com as conquistas e os avanços das mulheres em vários campos, os homens estão confusos. Embora ainda haja considerável resistência, muitos homens já não adotam nem se sentem à vontade com o modelo patriarcal de homem e de relação com a mulher, mas ainda não encontraram uma forma tranqüila de lidar consigo mesmos e com as conquistas do gênero feminino.



IHU On-Line - Quais as conseqüências sociais de uma mulher autônoma, independente do homem?

Georges Boris - Por conta da dominação que sofreram e, em grande parte, ainda sofrem, as mulheres tiveram que lutar por seus direitos, por sua autonomia e por sua independência. São inegáveis as conquistas femininas, particularmente a partir da segunda metade do século XX. Estas conquistas também geram impasses com os homens por conta do avanço feminino no mercado de trabalho, por exemplo. Contudo, um dado que chamou a atenção em minhas pesquisas: a maioria dos homens sente-se à vontade e não percebe problema ao ser comandado por mulheres no trabalho. O que parece incomodar mais é a atitude autoritária do modelo patriarcal de comando - também presente no mercado de trabalho - que, muitas vezes, é adotada pelos chefes, mesmo algumas mulheres, com os que a eles ou a elas estão subordinados.


Evolução do movimento feminista

O movimento feminista teve, e tem, um papel histórico muito importante nas conquistas das mulheres. Seu papel foi aglutinar a insatisfação feminina com as imposições do patriarcado e organizar as lutas das mulheres contra a dominação masculina. Uma de suas conseqüências é a idéia bastante comum - tanto entre homens quanto entre as mulheres - que associa a mulher à vida, à sensibilidade e à subjetividade, enquanto o homem é, freqüentemente, associado à morte, à insensibilidade e à objetividade, perspectiva politicamente necessária à luta feminista contra um poder concentrado nas mãos dos homens. Entretanto, tal posição é dicotômica, mecanicista e mesmo maniqueísta, pois concebe as mulheres como seres essencialmente benevolentes, mas sem poder, vítimas dos naturalmente truculentos "machos", que as maltratam, ou como "guerreiras", também em luta contra a opressão masculina. Um dado contraditório pouco discutido pelas militantes feministas é a existência de um poder feminino, mais sutil e sábio do que o poder patriarcal: as mulheres, tradicionalmente, detêm o acesso e assumem o cuidado prioritário do lar e dos filhos e, embora muitas se queixem da omissão freqüente dos homens, algumas impedem o acesso e a necessária aprendizagem dos filhos, dos maridos e dos pais a este universo sociocultural ainda em mãos femininas. Este é um poder feminino que os homens ainda timidamente ocupam, em parte por uma resistência de muitas mulheres a compartilhar e a acreditar que os homens são capazes de também exercer o que denomino de "mínimo poder feminino", particularmente no espaço doméstico. O poder feminino é uma questão que compete ao movimento feminista encarar nos tempos atuais.



IHU On-Line - Quais os principais impactos para a autonomia da mulher, como ser social, dos avanços da ciência e da tecnologia?

Georges Boris - As relações de gênero e, particularmente, a mulher, não estiveram isentas das transformações socioculturais ao longo do tempo. Da mesma forma, a ciência e a tecnologia avançaram bastante. Um dos principais impactos para a autonomia da mulher e dos casais, sem dúvida, foi o advento da pílula anticoncepcional, especialmente e, de modo crescente, a partir dos anos 1960. Outros impactos vêm sendo registrados, como a reprodução assistida, bem como a (re)produção "independente". Esta última comprova que a ciência e a tecnologia não são neutras, podendo ser mesmo um instrumento ideológico, pois pode libertar as pessoas ou as aprisionar mais ainda. Nos tempos atuais, as pessoas vêm sendo induzidas a adquirir objetos descartáveis, a investir em sua saúde de modo intensivo e mesmo a modelar seus corpos a partir da imposição de um interesse capitalista globalizado e para além de sua real necessidade.




IHU On-Line - O senhor tem pesquisas sobre homens e mulheres das classes populares de Fortaleza. Pode falar um pouco sobre esses estudos? Existe relação com o resto do Brasil?

Georges Boris - Minha pesquisa inicial se centrou na construção e na crise da subjetividade masculina entre homens da classe média; atualmente, desenvolvo uma pesquisa sobre o mesmo tema com homens das classes populares; e, em breve, devo iniciar nova pesquisa sobre o poder feminino, investigando o reconhecimento do poder da mulher entre casais de Fortaleza. É cedo para poder generalizar tantos dados - até mesmo pelos motivos que expus, anteriormente, acerca do caráter das relações de gênero - mas posso adiantar algumas observações preliminares, pelo menos sobre a construção da subjetividade masculina em Fortaleza, uma cidade de cerca de 2,5 milhões de habitantes, que concentra tanto a miséria quanto os avanços tecnológicos característicos da sociedade e da cultura brasileira. Fortaleza expressa muito da realidade das relações de gênero no Brasil. Resumidamente, posso apontar o seguinte:

- poucos homens parecem de fato conformados ou adaptados ao antigo modelo de homem patriarcal, enquanto alguns ainda tentam disfarçar sua dificuldade de aceitação das novas relações sociais de gênero que vêm se desenvolvendo mais recentemente, mas terminando por reagir a elas, quando se deparam com situações inusitadas e surpreendentes em seu próprio cotidiano;
- muitos homens parecem ter a percepção de que seus comportamentos são dotados de uma pretensa e inquestionável objetividade masculina. Tal objetividade é, em grande parte, uma falácia que os homens preferem crer na tentativa vã de não serem questionados em suas posições e decisões, adotando atitudes pragmáticas e racionalizadas que evitam, na verdade, seu envolvimento emocional com as questões e os problemas que, de fato, vivenciam. Percebi também entre meus entrevistados, algumas das características da construção sociocultural da subjetividade masculina na contemporaneidade:
- um clima de trabalho profissional freqüentemente desqualificador da expressão da individualidade, da singularidade e da subjetividade dos homens;
- uma angustiante ausência paterna em seu cotidiano familiar. Podemos perceber, então, que a ausência paterna - comum na experiência de muitos filhos - costuma provocar a busca de explicações, de justificativas e de racionalizações (geralmente tardias) que têm seu principal fundamento freqüentemente nas pressões socioculturais que prioritariamente incidem sobre os homens;
- uma inclusão social através de atitudes autoritárias, competitivas, violentas ou defensivas, o que resulta comumente em resistência, evitação ou dificuldade de manifestação calorosa em situações afetivas: um homem deve estar sempre alerta, não confiar em ninguém - a não ser em si mesmo e em suas capacidades - e vencer sempre por seus próprios méritos. Esta "fabricação de machos heróis", apesar de gerar homens aparentemente fortes, inabaláveis e vencedores, escamoteia as reais necessidades psicossociais e humanas que todos têm direito a experienciar e a expressar;
- entretanto, não creio que a crise da masculinidade signifique, simplesmente, que os homens venham se sentindo "menos homens", parecendo muito mais que vivenciam as transformações inquietantes de um momento histórico cujas transições socioculturais têm levado - homens e mulheres - a buscar alternativas mais autênticas e justas de viver e de conviver com sua diversidade subjetiva;
- acredito também que a lentidão dos homens na conquista de uma tranqüila e humanizada reconciliação consigo mesmos, com as mulheres, com outros homens, com a função paterna e com seu trabalho profissional, se deve ao fato de que as mulheres, há muito mais tempo, tentam integrar com prazer estes diversos papéis socioculturais. Creio que, neste momento histórico de transição da subjetividade masculina para formas e manifestações mais flexíveis, as mulheres precisarão de boa dose de paciência e de tolerância com as vacilações e inseguranças de muitos homens confusos e ainda em dúvida quanto ao encantamento do ilusório poder viril patriarcal. 
- se ouso fazer alguma conjetura acerca do possível destino da subjetividade masculina nos tempos vindouros, creio ser seguro afirmar que os homens já não são os mesmos e que ser homem vem se transformando ao longo do tempo. Assim, acredito também que o caráter violento do "macho" humano sofre as mudanças que a sociedade e a cultura vêm absorvendo, pois nenhuma violência - mesmo simbólica - se mantém de forma duradoura e eficaz se as regras que ela sanciona instituem relações arbitrárias que favoreçam sistematicamente uma parte em prejuízo da outra. Se pudermos entender que o homem violento dos tempos atuais é, em parte, uma tentativa desesperada de reassumir um suposto poder sociocultural masculino, esta tentativa parecerá vã na medida em que busca se impor por meio de atitudes destrutivas dos elos que unem os indivíduos, podendo inibir a manifestação da diversidade dos seres humanos. Não me parece muito seguro que os homens se tornem integrados e que desenvolvam em breve sua própria condição subjetiva de gênero de forma consistente e reconhecida por si mesmos, pelo menos não tão rapidamente quanto seria desejável, pois tudo depende de uma transformação das relações sociais, da sociedade e da cultura mediante vivências mais democráticas, justas e harmoniosas, que ainda estamos longe de concretizar. Acredito que, apenas de forma democratizante, homens e mulheres se uniriam com a meta de evitar a alienação dos papéis socioculturais masculinos e femininos conforme a configuração atual, criando uma nova sociabilidade, sabedores de que pouco adianta inverter ou mesmo igualar os papéis sexuais, sociais, familiares e profissionais de acordo com os interesses do Estado e do lucro, sem levar em conta os reais interesses das pessoas. Para finalizar, relembro que, para que este ideal possa vir a acontecer, faz-se necessário o enfrentamento de alguns temas incômodos nos modelos de homem e de poder patriarcais ainda vigentes:
- muitos homens ainda necessitam constantemente demonstrar capacidade e força;
- a expressão de sentimentos pelos homens continua limitada;
- muitos permanecem dirigindo suas vidas para áreas competitivas;
- inúmeros deles ainda mantêm a função de provedores da família;
- suas ocupações ainda se voltam com freqüência apenas para "questões sérias", como o trabalho, a política e a economia;
- em conseqüência, o contato sensível com a natureza, com os amigos, com as mulheres e com os filhos tende a se perder;
- finalmente, permanece sobre os homens a proibição de não saber, de não poder, de não se equivocar e de não fracassar. Acredito que, enquanto persistirem perspectivas sexistas unilaterais que subdividam as atividades humanas e as relações sociais de gênero em atividades masculinas ou femininas, a construção da subjetividade masculina permanecerá confusa, e a eventual reação violenta dos homens diante das mudanças pessoais e socioculturais continuará sendo um inquietante elemento de desestruturação social.  


Fonte: http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=711&secao=210

17/11/2012

Filme: A era da estupidez, 2009



FILME

A Era da Estupidez

Para qualquer pessoa que se preocupe com o estado de nosso planeta, este é um filme obrigatório. A diretora é a ex-baterista de rock e cineasta autoditada Franny Armstrong. Misto de documentário, ficção e animação, ele conta uma história estarrecedora: a da destruição da Terra, causada pela insensatez da humanidade

José Eduardo Mendonça

O trabalho deste filme é mais extremado do que Uma Verdade Inconveniente, mais independente (em grande parte financiado por dinheiro de indivíduos ou de grupos), e inovador também em sua distribuição (transmitido por link de satélite para 700 cinemas simultaneamente, em mais de 50 países).

A estréia aconteceu em Nova York e as celebridades chegaram de bicicletas e carros elétricos, desfilando depois em um tapete verde, feito de garrafas de plástico recicladas. Cientistas trabalhando nas florestas tropicais da Indonésia e nas geleiras do Himalaia também faziam parte da platéia, dramatizando ainda mais o conteúdo do filme e sua seriedade - com um roteiro construído sobre cenários e modelos criados com rigor por acadêmicos.

Depois da estréia, um evento de 40 minutos reuniu Kofi Annan, Gillian Anderson (de X-Files), e Thom Yorke, do Radiohead. Ah, e o acontecimento todo foi movido a energia solar. Com tudo isto, por sua mensagem e pela maestria de sua realização, tornou-se um cult instantâneo. Sua produção, e esta é uma informação coerente, emitiu 94 mil quilos de CO2.

Mas vamos à história, filmada nos Estados Unidos, Inglaterra, Índia, Nigéria, Iraque, Jordão e nos Alpes franceses. Estamos no ano 2055. No alto de uma gigantesca torre em um Ártico derretido, o Arquivista (Pete Postlethwaite, de Alien e O Jardineiro Fiel) cuida do acervo de todo o conhecimento e toda arte produzida pela humanidade, e a salvo da desolação do mundo - Londres inundada, o Taj Mahal em ruínas, Sidney em chamas, Las Vegas enterrada pela areia. Ele examina na tela de um computador centenas de imagens do passado e se pergunta: Por que não fizemos nada para impedir a mudança do clima, enquanto podíamos? Por que deixamos que o aquecimento passasse dos dois graus até 2015, provocando toda uma série de desastres?

Várias histórias correm paralelas, todas no tempo de hoje. Um homem que ajudou a resgatar New Orleans, depois do furacão Katrina, reflete sobre a indústria de combustíveis fósseis e o desperdício. Um empresário indiano se prepara para o lançamento de uma empresa aérea voltada para o público de baixa renda. Duas crianças iraquianas contam sua fuga da guerra e sua mudança para a Jordânia. Ingleses visitam as geleiras do Mont Blanc, na França, e são ensinados por um guia de 82 anos sobre seu derretimento. O pai desta família fala da frustração por ter tentado instalar uma pequena fazenda eólica em sua cidade do interior (coisa que o próprio Postlethwaite, morto em janeiro de 2011, tentou fazer, e uma das razões de ter sido escolhido para seu papel). Finalmente, uma nigeriana luta contra a miséria num país rico em petróleo e mergulhada na pobreza (sua região é a mais lucrativa para a Shell na nação, mas ela tem de lavar os poucos e pequenos peixes que consegue pescar com Omo e, como isto não lhe permite o sustento, parte para o mercado negro da venda de diesel).

Todas estas histórias transmitem, a seu modo, o mesmo recado: por imprudência, incompetência, falta de iniciativa e estupidez, podemos acabar sendo a única espécie do planeta a cometer um suicídio coletivo, apesar de todas as informações que temos à mão para impedir que isto aconteça.

O imenso museu do Arquivista, ao final do filme, é lançado para o espaço, a salvo de nosso Juízo Final. Alguns ambientalistas, como James Lovelock, acreditam que já é tarde demais, e que só nos resta mitigar os danos. Os negacionistas certamente torceram o nariz para o filme - para eles o consumismo e a fé no capitalismo como o conhecemos não podem ser abalados, e o crescimento irresponsável tem de continuar (em cujo caso podemos apenas rezar por um milagre).

Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/estante/url-a-era-da-estupidez-franny-armstrong-pete-postlethwaite-618453.shtml

Bem Viver


Sumak Kawsay: uma forma alternativa de resistência e mobilização

Para o economista equatoriano e ex-vice-ministro de Economia do Equador, Pablo Dávalos, as formas ancestrais de convivência indígenas são formas políticas de resistência ao capitalismo e à modernidade e alternativas para o sistema capitalista.

Não apenas um modo de vida pueril e harmônica entre o ser humano e a natureza: a ética indígena do Bem Viver, na opinião do economista equatoriano Pablo Dávalos, é alternativa ao modo capitalista de produção, distribuição e consumo. É, acima de tudo, parte do “discurso das resistências e das mobilizações”.

Por isso, o Bem Viver é “uma forma diferente de relação entre a sociedade e a natureza, e a sociedade e suas diferenças”, na qual “a individualidade egoísta deve se submeter a um princípio de responsabilidade social e compromisso ético”, afirma. Nesse contexto, a natureza é reconhecida como parte fundamental da socialidade humana.

Nesse sentido, afirma, “o Sumak Kawsay é a proposta para que a sociedade possa recuperar as condições de sua própria produção e reprodução material e espiritual”, ou seja, “uma nova visão da natureza, sem ignorar os avanços tecnológicos nem os avanços em produtividade, mas sim projetando-os no interior de um novo contrato com a natureza como parte de sua própria dinâmica, como fundamento e condição de possibilidade de sua existência no futuro”. A entrevista que segue foi concedida à IHU On-Line por e-mail.


Confira a entrevista.

IHU On-Line – Quais são os aspectos centrais da concepção indígena do Sumak Kawsay (quéchua equatoriano) ou Suma Qamaña (aimará boliviano)?

Pablo Dávalos –
A noção de Sumak Kawsay (ou Suma Qamaña, em aimará), faz parte do discurso político dos movimentos indígenas do continente e, como tal, faz parte de seu projeto histórico e político. Essa noção foi recriada a partir de uma confirmação das vivências ancestrais dos povos indígenas e de sua forma de construir sua socialidade e sua relação com a natureza. Na recuperação de suas formas ancestrais de convivência, os povos indígenas encontraram, de um lado, as formas políticas de resistência ao capitalismo e à modernidade e, de outro, as alternativas para esse mesmo sistema capitalista.

Os movimentos indígenas têm sido considerados, na academia ocidental e moderna, como parte dos novos movimentos sociais, com uma agenda nova e suscetível de ampliar o horizonte dos direitos humanos para os direitos de terceira geração. No entanto, essa definição de movimentos sociais oculta o sentido histórico de suas demandas e os converte em mais um momento do liberalismo. Com efeito, a partir do discurso liberal, gerou-se a noção do multiculturalismo para processar as demandas indígenas como propostas particulares, que, em geral, legitimam o sistema capitalista e o projeto da modernidade ocidental. Para se diferenciar da etnofagia do multiculturalismo, os movimentos indígenas propuseram uma forma diferente de contratualidade e de socialidade.

O Sumak Kawsay propõe, além disso, uma forma de relacionamento diferente entre os seres humanos, na qual a individualidade egoísta deve se submeter a um princípio de responsabilidade social e compromisso ético, e um relacionamento com a natureza no qual esta é reconhecida como uma parte fundamental da socialidade humana. Até agora, é o único discurso e prática coerente que pode deter os desvios predatórios e desumanos da acumulação capitalista, que, no ritmo em que avançam, convertem-se em uma ameaça à vida humana sobre o planeta.


Sumak Kawsay como desconstrução

É a partir dessa constatação que é necessário uma desconstrução das ideias dominantes sobre a economia, o crescimento econômico, a pobreza, dentre outras. Em primeiro lugar, é necessário demarcar posições com o Banco Mundial e não utilizar o conceito do dólar diário, porque a pobreza não é um fenômeno econômico, mas sim um fenômeno político e que expressa a necessidade do capitalismo de estabelecer relações de poder e dominação a partir do controle estratégico da escassez.

Em segundo lugar, é necessário abandonar a ideia do crescimento econômico, porque, stricto sensu, não existe. Isto é, se se contabilizam todos os insumos que são necessários para o crescimento econômico, incluindo os custos externos negativos e os custos de oportunidade, o crescimento econômico sempre será negativo. A produção de um bem ou serviço qualquer que incorpore os custos externos e os custos de oportunidade (para falar na mesma lógica neoclássica agora imperante) tornaria impossíveis os mecanismos de mercado, porque os preços seriam exorbitantes.

Em terceiro lugar, se deveria abandonar a ideia de desenvolvimento, porque implica em violência, imposição, subordinação. Não se pode “desenvolver” ninguém, porque cada sociedade tem sua própria cosmovisão que deve ser respeitada, e, se nessa cosmovisão não existe o desenvolvimento nem o tempo linear, então não se pode desenvolvê-la, pensando que se está fazendo um bem a essa sociedade, quando, na verdade, ela está sendo violentada de forma radical.



1) Que se entende por Bem viver e qual é sua importância?

2) Segundo o economista Dávalo que deve ser mudado/desconstruído para que o Bem Viver seja uma realidade?

3) Qual é a relação do Bem Viver com a dimensão espiritual da ecologia? 

A CARTA DA TERRA


PREÂMBULO
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações.

TERRA, NOSSO LAR
A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade de vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.

A SITUAÇÃO GLOBAL
Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos eqüitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.

DESAFIOS FUTUROS
A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem supridas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais e não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções inclusivas.

RESPONSABILIDADE UNIVERSAL
Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre como um todo, bem como com nossas comunidades locais. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas. Cada um compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza.
Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, interdependentes, visando a um modo de vida sustentável como padrão comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais será dirigida e avaliada.

PRINCÍPIOS


I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA

1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.
  1. Reconhecer que todos os seres são interdependentes e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos.
  2. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.
2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.
  1. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais, vem o dever de prevenir os danos ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas.
  2. Assumir que, com o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder, vem a
    maior responsabilidade de promover o bem comum.
3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.
  1. Assegurar que as comunidades em todos os níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada pessoa a oportunidade de realizar seu pleno potencial.
  2. Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a obtenção de uma condição de vida significativa e segura, que seja ecologicamente responsável.
4. Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às futuras gerações.
  1. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras.
  2. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra a longo prazo.
II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA

5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais que sustentam a vida.
  1. Adotar, em todos os níveis, planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável que façam com que a conservação e a reabilitação ambiental sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.
  2. stabelecer e proteger reservas naturais e da biosfera viáveis, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.
  3. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçados.
  4. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que
    causem dano às espécies nativas e ao meio ambiente e impedir a introdução desses
    organismos prejudiciais.
  5. Administrar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam às taxas de regeneração e que protejam a saúde dos ecossistemas.
  6. Administrar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e combustíveis fósseis de forma que minimizem o esgotamento e não causem dano ambiental grave.
6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.
  1. Agir para evitar a possibilidade de danos ambientais sérios ou irreversíveis, mesmo quando o conhecimento científico for incompleto ou não-conclusivo.
  2. Impor o ônus da prova naqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará dano significativo e fazer com que as partes interessadas sejam responsabilizadas pelo dano ambiental.
  3. Assegurar que as tomadas de decisão considerem as conseqüências cumulativas, a longo prazo, indiretas, de longo alcance e globais das atividades humanas.
  4. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.
  5. Evitar atividades militares que causem dano ao meio ambiente.
7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.
  1. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos.
  2. Atuar com moderação e eficiência no uso de energia e contar cada vez mais com fontes energéticas renováveis, como a energia solar e do vento.
  3. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência eqüitativa de tecnologias
    ambientais seguras.
  4. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam às mais altas normas sociais e ambientais.
  5. Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável.
  6. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito.
8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o intercâmbio aberto e aplicação ampla do conhecimento adquirido.
  1. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento.
  2. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuem para a proteção ambiental e o bem-estar humano.
  3. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, permaneçam disponíveis ao domínio público.
III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA

9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.
  1. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, alocando os recursos nacionais e internacionais demandados.
  2. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma condição de vida sustentável e proporcionar seguro social e segurança coletiva aos que não são capazes de se manter por conta própria.
  3. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem e habilitá-los a desenvolverem suas capacidades e alcançarem suas aspirações.
10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma eqüitativa e sustentável.
  1. Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações.
  2. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e liberá-las de dívidas internacionais onerosas.
  3. Assegurar que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.
  4. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais
    atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas
    conseqüências de suas atividades.
11. Afirmar a igualdade e a eqüidade dos gêneros como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas.
  1. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas.
  2. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.
  3. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e o carinho de todos os membros da
    família.
12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, com especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.
  1. Eliminar a discriminação em todas as suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.
  2. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas com condições de vida sustentáveis.
  3. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu
    papel essencial na criação de sociedades sustentáveis.
  4. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.
IV. DEMOCRACIA, NÃO-VIOLÊNCIA E PAZ

13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover transparência e responsabilização no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça.
  1. Defender o direito de todas as pessoas receberem informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que possam afetá-las ou nos quais tenham interesse.
  2. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações interessados na tomada de decisões.
  3. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de reunião pacífica, de associação e de oposição.
  4. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos judiciais administrativos e independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos.
  5. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.
  6. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.
14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.
  1. Prover a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.
  2. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para sustentabilidade.
  3. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no aumento da conscientização sobre os desafios ecológicos e sociais.
  4. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma condição de vida sustentável.
15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
  1. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de sofrimento.
  2. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável.
  3. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas.
16. Promover uma cultura de tolerância, não-violência e paz.
  1. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações.
  2. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para administrar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.
  3. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até o nível de uma postura defensiva não-provocativa e converter os recursos militares para propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.
  4. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em
    massa.
  5. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico ajude a proteção ambiental e a paz.
  6. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.
O CAMINHO ADIANTE

Como nunca antes na História, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa destes princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta.
Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável nos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global que gerou a Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca conjunta em andamento por verdade e sabedoria.

A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Entretanto, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade tem um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva.

Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento internacionalmente legalizado e contratual sobre o ambiente e o desenvolvimento.
Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação dos esforços pela justiça e pela paz e a alegre celebração da vida.

Fonte: http://www.cartadaterrabrasil.org/prt/text.html

14/11/2012

sábado e domingo

Nos dias 17 e 18 de novembro de 2012 (sábado e domingo), será realizada a nona etapa do curso da Escola de Formação Fé, Política e Trabalho 2012.ano9


9 etapa > 17 e 18 de novembro
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Os fundamentos éticos de uma consciência planetária a partir da Carta da Terra. Conceito de
sociedade sustentável, desenvolvimento e progresso. Redefinição das necessidades básicas para o “Bem Viver”. Biodiversidade. A Dimensão espiritual da ecologia.

Profa. Ms. Ana Maria Formoso – Unisinos
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As questões de gênero e a inclusão das minorias” no horizonte de um novo paradigma da civilização atual.

Profa. Dra. Cleusa Maria Andreatta – Unisinos
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Horário:

das 8h30 do sábado às 14h do domingo


Lembramos que em todas as etapas é necessário trazer:

roupa de cama
(lençóis e fronha) e toalhas, além de material de higiene pessoal (no caso de hospedagem no Centro de Pastoral); e recipiente – copo ou garrafa – para servir e beber água (a Escola é comprometida com o meio ambiente, evitando o uso de copo plásticos).


Carga horária:

170 horas-aula (17 por etapa, incluindo preparação prévia e leituras complementares)


Investimento:

R$80 por etapa, partilhados entre: (participante: R$25; sua comunidade ou entidade: R$25; ou R$50, se a inscrição for individual), mais R$30 pela Diocese de Caxias (pago diretamente pela Diocese). Os pagamentos devem ser realizados durante a realização de cada etapa. O valor inclui hospedagem, refeições e materiais.


Certificado:

Instituto Humanitas Unisinos – IHU: www.ihu.unisinos.br
(*) mediante frequência mínima de 75%